O Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Vacinação (SAGE) da OMS reuniu-se na segunda-feira e divulgou hoje as suas recomendações sobre a utilização da vacina desenvolvida pela farmacêutica americana Johnson & Johnson, que a agência licenciou na sexta-feira.

"Em países onde a propagação das variantes é elevada, e em países onde temos agora informações sobre a utilização desta vacina para controlar a SRA-CoV-2 causada por estas variantes, recomendamos que a utilizem", disse o presidente do grupo de peritos da OMS sobre vacinação, Alejandro Cravioto, numa conferência de imprensa.

O responsável frisou que a vacina, recomendada para pessoas com mais de 18 anos de idade, e "sem limite de idade", é segura.

"Depois de analisarmos os dados, temos uma vacina que está provado ser segura", referiu Alejandro Cravioto.

Em janeiro, a Johnson & Johnson anunciou que a sua vacina é 66% eficaz contra a covid-19.

A vacina da farmacêutica americana é a primeira aprovada pela OMS que requer apenas uma dose em vez de duas e pode ser armazenada à temperatura dos frigoríficos convencionais.

A vacina da Johnson & Johnson está licenciada para utilização de emergência nos Estados Unidos desde o final de fevereiro. Está também aprovada no Canadá desde o início de março e, na União Europeia, desde 11 de março. Antes, a África do Sul começou igualmente a administrá-la.

As vacinas da Pfizer-BioNTech e da AstraZeneca-Oxford requerem duas doses e a vacina da Pfizer só pode ser armazenada a temperaturas ultrafrias, de cerca de - 80 graus Celsius, tornando mais difícil a distribuição em muitos países que podem não ter o equipamento adequado.

Em contraste, o medicamento da Johnson & Johnson pode ser mantido num frigorífico convencional durante três meses a uma temperatura de 2 a 8 graus centígrados e tem um prazo de validade de três anos, a uma temperatura de 20 graus Celsius.

O grupo farmacêutico comprometeu-se a vender a vacina ao preço de custo.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse esperar que o sistema internacional Covax receba 500 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson "o mais depressa possível", enquanto o conselheiro do líder da OMS, Bruce Aylward, acentuou ter a expectativa de receber as primeiras doses em julho "ou mesmo antes".

Segundo o diretor científico da empresa americana, Paul Stoffels, a vacina da Johnson & Johnson "é a primeira vacina estudada em muito grande escala - cerca de 40.000 pessoas - e incluiu as variantes do vírus.

Ao contrário dos medicamentos da Pfizer e Moderna, que utilizam a técnica inovadora do RNA mensageiro, a vacina da Johnson é uma vacina composta por um vetor viral, baseado em adenovírus que foi modificado, de forma a conter o gene responsável pela produção da proteína 'spike', uma proteína que o vírus SARS-CoV-2 utiliza para infetar células, processo também utilizado nas vacinas da AstraZeneca e Sputnik.

Aumento de casos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou hoje que houve um aumento de 10% nos novos casos de coronavírus a nível global, na semana passada, proporcionado por surtos nas Américas e na Europa.

Na atualização semanal da informação relativa à pandemia de covid-19, a OMS revelou hoje que o vírus que provoca a doença atingiu um pico no início de janeiro, com quase 5 milhões de casos, mas depois caiu para cerca de 2,5 milhões de casos por semana em meados de fevereiro.

A agência das Nações Unidas para a saúde referiu que a semana passada foi a terceira semana consecutiva com um aumento global de novos casos, após semanas de declínio nas infeções.

Na Europa, segundo a OMS, os novos casos confirmados cresceram cerca de 6%, enquanto as mortes registaram “um declínio consistente”.

De acordo com a mesma fonte, os números mais elevados verificaram-se em França, Itália e Polónia.

O pico de casos ocorreu em mais de uma dúzia de países, sobretudo na Europa, que suspenderam temporariamente o uso da vacina da AstraZeneca para a covid-19, devido a relatos de que poderá estar ligada ao surgimento de coágulos sanguíneos.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já vieram dizer que os dados disponíveis não sugerem que a vacina da AstraZeneca tenha causado os coágulos e que as pessoas podem continuar a ser imunizadas com esse fármaco.

A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.661.919 mortos no mundo, resultantes de mais de 122,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.707 pessoas dos 814.897 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.