A informação é avançada à agência Lusa pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa), que indica que, até 22 de fevereiro, “foram identificados cerca de 10.700 casos em 29 países da UE/EEE” da mutação inicialmente detetada no Reino Unido em novembro passado.
“A variação está a aumentar em toda a região [na Europa] e estima-se que seja agora responsável por mais de 50% de todos os casos na maioria dos Estados-membros”, acrescenta a agência europeia em resposta escrita enviada à Lusa.
Aludindo às evidências científicas, o ECDC assinala que esta variação (que é a que está mais presente a nível europeu) é também “mais transmissível” que o vírus original, o que pode ter “implicações sobre a eficácia das medidas”.
“É provável que conduza a uma maior gravidade da doença e, portanto, as taxas de internamento podem aumentar”, acrescenta este centro europeu, que presta apoio aos Estados-membros em crises sanitárias como a atual pandemia.
No que toca à variante detetada na África do Sul, também até 22 de fevereiro, tinham sido “identificados cerca de 650 casos em 15 países da UE/EEE”, de acordo com o ECDC.
Este centro europeu observa que se registou “transmissão comunitária em alguns surtos comunicados por alguns Estados-membros” e que esta mutação do SARS-CoV-2 registada na África do Sul “é suscetível de ter um impacto significativo na eficácia da vacina para, pelo menos, algumas das vacinas atualmente aprovadas”.
Já no que toca à variante brasileira, detetada em viajantes do Brasil, até 22 de fevereiro, tinham sido “identificados cerca de 50 casos em oito países da UE/EEE”.
Num relatório divulgado em meados de fevereiro, o ECDC já tinha avisado que, apesar da redução da incidência do SARS-CoV-2 nas últimas semanas, a situação epidemiológica “ainda é motivo de grande preocupação” na Europa, pelo que apelou a intervenções de saúde pública “imediatas”.
Na altura, os peritos da agência europeia de saúde pública indicaram que as novas e mais contagiosas variantes do SARS-CoV-2 detetadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil “suscitam preocupações”.
No documento, o ECDC apontou o “aumento substancial no número e proporção de casos” da mutação do Reino Unido na UE/EEE, bem como que estes países têm “notificado cada vez mais” casos da estirpe da África do Sul.
Já a variante brasileira “está a ser notificada a níveis mais baixos, possivelmente porque está principalmente ligada ao intercâmbio de viagens com o Brasil”, adiantou o organismo na altura, numa alusão à interrupção de viagens decretada por alguns países europeus.
Recentemente, o Governo português decidiu prolongar até dia 16 de março as medidas restritivas do tráfego aéreo, mantendo-se suspensos todos os voos comerciais e privados com origem ou destino no Brasil e Reino Unido.
Na resposta hoje enviada à Lusa, a agência europeia garante ainda que “continua a monitorizar a deteção e transmissão de variantes em toda a UE/EEE”, tendo por base os dados oficiais e as notificações dos países.
E apesar de observar um aumento por parte dos Estados-membros nos esforços de sequenciação das novas variantes, o ECDC adianta ser “muito provável que o número de casos possíveis esteja subdetetado”.
Em meados de fevereiro, a Comissão Europeia traçou a meta de atingir 5% de sequenciação do genoma dos testes positivos, para ajudar a identificar variantes.
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