Nos dados hoje divulgados, o INE revela que a despesa pública em saúde correspondeu a mais de dois terços do total (67,6%), “a proporção mais elevada desde 2010”.

O instituto destaca, em particular, a forte diminuição das consultas e cirurgias não urgentes e da atividade dos prestadores privados - “a suspensão dos cheques de cirurgia, no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia, de consultas e de exames não urgentes são ilustrativos desta situação” -, que “contribuíram para a diminuição da despesa dos cidadãos em saúde”.

“No que respeita à despesa pública, as medidas adotadas para reorganizar a atividade assistencial dos prestadores públicos, centrada no cuidado e tratamento de doentes covid-19, foram determinantes para o aumento da despesa em 6,6%”, refere.

Esta reorganização, acrescenta, “traduziu-se, mais concretamente, num aumento de 6,8% dos custos com pessoal (contratações, horas extra e outros) e de 16,0% do consumo intermédio (equipamentos de proteção individual, medicamentos e outros)”.

Lembra ainda que a despesa corrente em saúde “não inclui o investimento, nomeadamente o relativo à compra de ventiladores e outros equipamentos para as unidades de cuidados intensivos”.

Segundo o INE, o valor dos custos com pessoal e consumo intermédio na área da saúde diretamente associado ao combate à pandemia “terá ascendido a cerca de 590 milhões de euros em 2020”.

O INE sublinha os “impactos profundos” que a pandemia de covid-19 teve no sistema de saúde e aponta para um crescimento de 0,4% da despesa corrente em saúde total, atingindo 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB), o nível mais elevado desde 2009.

No documento hoje divulgado e que inclui a série de resultados da Conta Satélite da Saúde (CSS), na base 2016, para o período 2000-2020, o INE explica que, comparativamente com os dados publicados a 13 de julho de 2020, procedeu à revisão dos resultados para os anos 2016-2019.

“Os dados divulgados são finais para 2000-2018, provisórios para 2019 e preliminares para 2020. Os resultados para 2020 foram elaborados com base em informação disponível até meados de abril de 2021”, esclarece o INE.

Para 2020, o INE estima que a despesa corrente em saúde tenha crescido 0,4%, totalizando 20.482 milhões de euros (10,1% do PIB e 1.989,1 euros per capita), o valor mais elevado da atual série da CSS.

Em 2019, a despesa corrente em saúde aumentou 5,6%, atingindo 20.392,5 milhões de euros, correspondendo a 9,5% do PIB e a 1.982,5 euros per capita.

O INE refere ainda que, em 2019 e 2020, a despesa corrente em saúde continuou a crescer, em termos nominais, a um ritmo superior ao do PIB e sublinha que o aumento da despesa corrente em saúde em percentagem do PIB em 0,6 pontos percentuais para 10,1% no ao passado “é sobretudo determinado pelo decréscimo pronunciado do PIB nominal (-5,4%), no contexto adverso da pandemia”.

“Desde 2010 que não se registava um peso relativo da despesa corrente em saúde superior a 10% do PIB”, refere.

O INE diz ainda que, em 2019, a despesa corrente pública representou 63,8% da despesa corrente, menos 0,3 pontos percentuais do que em 2018 e o peso relativo mais baixo na série disponível (desde 2000).

Para 2020, o instituto estima que “a importância da despesa corrente pública face à despesa privada tenha aumentado significativamente (+3,8 p.p.)”.