“Em média, desde que o médico faz o pedido até ao doente iniciar tratamento, decorrem dois meses”, disse à Lusa Isabel Aldir, diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais, sublinhando que este período de espera não compromete o tratamento.
“É um período de tempo perfeitamente aceitável e justifica-se a com a necessidade de se fazer um pedido adequado ao doente, de haver uma compra centralizada por parte dos serviços do Ministério da Saúde, de a medicação chegar ao doente e de este ter disponibilidade com o seu medico para programar a consulta e iniciar o tratamento”, explicou Isabel Aldir.
A responsável falava depois de a SOS Hepatites ter denunciado, na quarta-feira, que há hospitais que ainda não deram este ano qualquer tratamento prescrito para doentes com hepatite C, lembrando que apenas Santa Maria e Egas Moniz distribuem tratamentos em tempo útil.
“Os únicos hospitais que estão a dar tratamentos em 15 dias a um mês são o Santa Maria e o Egas Moniz. Temos atrasos em todos os hospitais do país. Os doentes estão a esperar entre quatro meses a um ano”, disse à agência Lusa Emília Rodrigues, da SOS Hepatites.
Confrontada com estes dados, a responsável pelo Programa Nacional para as Hepatites Virais, da DGS, disse desconhecer tais atrasos, indicando que a informação de que dispõe aponta para mais de 1.400 novos tratamentos aprovados este ano e, destes, praticamente 1.100 doentes já iniciaram tratamento.
“O ritmo de tratamento está a manter-se, nos primeiros anos foi tratado o grande volume de doentes e este ritmo agora é mais lento, mas os doentes continuam a ter acesso à medicação”, afirmou Isabel Aldir.
Quanto ao hospital indicado pela SOS Hepatites como um dos exemplos de unidades que este ano ainda não disponibilizaram qualquer tratamento, a responsável diz que os dados recolhidos indicam que Vila Real pediu durante o ano passado 58 novos tratamentos e, este ano, já pediu 21, nalguns casos já com doentes em tratamento.
“A pecar será sempre por defeito”, frisa a responsável, explicando que a DGS irá ver "com grande detalhe” a situação denunciada pela SOS Hepatites.
“Os dados oficias não são concordantes com o que foi reportado (…) Vamos ver com grande detalhe. É uma situação que acompanhamos com grande aproximação e não nos tem sido salientado nenhum desvio em nenhum centro hospitalar que tenha modificado a sua prática de uma altura para a atualidade”, acrescentou.
Quanto à meta definida pela Organização Mundial de Saúde para a erradicação da hepatite C, Isabel Aldir acredita que Portugal, ao ritmo de tratamento que mantém, pode cumprir mesmo antes do ano 2030.
“A grande maioria da população já foi tratada. É necessário continuar a investir em estratégias de micro eliminação para populações muito específicas”, afirmou, dando o exemplo da população prisional e dos consumidores de drogas.
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