Segundo o estudo "arEA – avaliação de Resultados em Espondilite Anquilosante", da Universidade Nova de Lisboa, esta doença reumatológica interfere na mobilidade (79,5%), nos cuidados pessoais como o lavar ou o vestir (53,8%), no trabalho, no estudo, nas atividades domésticas, familiares e de lazer dos doentes.
O estudo levado a cabo pelo Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação (IMS NOVA) refere que as crises desta patologia sem cura comprometem seriamente o desempenho dos doentes no dia-a-dia, particularmente no que respeita às limpezas domésticas (55,5%), à prática de exercício físico (46,5%), que encontra na caminhada, natação/hidroginástica e nos exercícios de alongamento o maior número de praticantes. Estas dificuldades alargam-se ainda ao deitar e levantar da cama (45,6%), subir e descer escadas, atar os sapatos ou conduzir, entre outras.
O estudo revela ainda que os doentes não são os únicos afetados pela doença; os familiares e amigos veem também as suas vidas comprometidas devido aos dias em que têm de faltar ao trabalho para poderem prestar assistência – 13 dias em média no ano anterior.
Os primeiros sintomas
"Os primeiros sintomas (dores, inflamação, rigidez) surgem predominantemente na faixa etária dos 25 aos 34 anos, seguida da dos 20 aos 24 e dos 15 aos 19 anos", indica Luís Cunha Miranda, presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR).
A partir dos 45 anos, regista-se um decréscimo contínuo dos primeiros sintomas – na faixa dos 64 anos ou mais, a incidência é de 0,3%. Daí à consulta médica vão, no entanto, cerca de quatro anos em média – apesar de 24,3% dos inquiridos procurar um médico entre um e seis meses após os sintomas iniciais e 12,9% num espaço de um mês, muitos revelaram ter esperado vários anos, alguns mesmo mais de dez (14,6%).
"É também nos 25-34 anos que se regista o maior número de diagnósticos, a maioria (65,6%) feita por um especialista em Reumatologia", refere o especialista. De acordo com as respostas dos participantes as articulações sacroilíacas (77,4%), coluna cervical (74,3%), quadris (71,5%), coluna dorsal e lombar (47,5%), joelhos (43,2%), ombros (42,4%) e articulações da mão (40,1%) são as partes do corpo afetadas que mais se destacam.
Os fármacos e terapias mais eficazes
O score de BASDAI, que mede a rigidez matinal que vai de 0 (=bom) a 10 (=mau) é de 5,5, com uma média de rigidez matinal desde que o acordar de 50 minutos (7,3% refere não sentir nada; os demais variam entre 1-30 minutos e 2 horas ou mais). Entre os medicamentos tomados pelos inquiridos, apontam-se os anti-inflamatórios (65%), os antirreumáticos (35,3%) e os biológicos/biossimilares (22,9%), revelando estes últimos os melhores efeitos na melhoria da qualidade de vida (trabalho, estado anímico, atividades de lazer e tempo livre, relações sociais, desporto e atividade física, independência, atividade sexual – numa escala de 0 a 10, situam-se entre os 5,3 e 6,4). Os anti-inflamatórios e antirreumáticos situam-se respetivamente entre os 3,5-4,6 e os 3,5-4,4).
Os inquiridos revelaram ainda ter recorrido grandemente ao Serviço Nacional de Saúde devido à EA: 85% para consultas, 74% para exames, 48% para o serviço de urgência e 8% estiveram hospitalizados. Na sua maioria, 43,2%, estes doentes não tinham subsistema de saúde, 29,7% possuíam seguro de saúde e 16,1%, ADSE – uma minoria possuía SAMS, ADM ou outros.
O estudo revela ainda que muitos dos doentes com EA padece em simultâneo de outras doenças, como ansiedade, depressão, fibromialgia, transtornos do sono e hipertensão arterial, principalmente. No caso da ansiedade e depressão, 54,4% revelaram terem estado moderadamente ansiosos ou deprimidos no ano anterior como consequência da Espondilite Anquilosante.
O impacto da EA nos doentes estende-se no médio e longo prazo, demonstra igualmente este estudo que revela que a possibilidade de ficar incapacitado (32,5%) ou dependente de terceiros (12,4%) e de aumento da dor (8,8%) encabeçam a lista de receios manifestados pelos inquiridos. Em relação às expectativas face ao tratamento da Espondilite, 44,6% não sabem/não respondem, mas 10,5% manifestaram esperança na cura, 8,2% na redução das dores e 7,9% em manter a doença controlada.
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