Os dados constam de uma análise da prevalência dos abusos sexuais na sociedade em geral e a nível global realizado pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica com base em 331 estudos independentes publicados em 217 publicações e revelam "a necessidade de se realizar um estudo a nível nacional", disse o psiquiatra.
De acordo com a análise citada por Daniel Sampaio na sessão de apresentação do relatório da comissão independente, o abuso sexual ocorre “em regra em menores de 13 anos”.
A idade que aparece na análise é entre 09 e 10 anos, antes da puberdade.
“Acontece por adultos próximos da criança, familiares e conhecidos. Acontece também em instituições religiosas, escolares, desportivas”, indicou.
Segundo o psiquiatra, a característica fundamental do abuso sexual é poder que os abusadores têm sobre a criança.
Daniel Sampaio recordou que, nas entrevistas que fez, ouviu testemunhas dizer que “o senhor padre era a voz de Deus”.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022, anunciou hoje o coordenador Pedro Strecht.
Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.
Hoje será conhecida a primeira reação da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), presidida pelo bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, e para 03 de março foi já convocada uma assembleia plenária extraordinária da CEP para analisar o relatório.
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