Depois de acionada a primeira linha de resposta médica a casos suspeitos - o Hospital de São João no Porto e o Hospital Curry Cabral em Lisboa - , a DGS prepara-se agora para ativar uma segunda linha de ação com hospitais em diferentes zonas do país. A notícia é avançada esta terça-feira pelo jornal Expresso.
Os responsáveis da DGS reuniram-se hoje com as administrações regionais de saúde (ARS) e delegados de saúde para prepararem essa rede de apoio.
Segundo o semanário, entre as várias características exigidas estão, por exemplo, ter um laboratório integrado na rede de referência do Instituto de Medicina Dr. Ricardo Jorge (INSA), camas de cuidados intensivos, quartos de isolamento com pressão negativa ou um número suficiente de médicos em especialidades chave. Deve ainda estar garantida uma resposta hospitalar a eventuais casos de coronavírus num raio de 100 quilómetros.
Numa fase inicial, com poucos casos, será possível manter os doentes isolados em quartos de pressão negativa mas se a epidemia avançar, os infetados ficarão em enfermarias dedicadas, embora sem necessidade de pressão negativa.
Esta terça-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, adiantou que esta rede deverá disponibilizar 280 camas para eventuais casos. Tratam-se de camas atualmente destinadas a doentes que carecem de isolamento como casos de tuberculose multirresistente.
Até agora Portugal teve 6 casos suspeitos do novo coronavírus. Todos foram negativos. Para já, as únicas pessoas em isolamento – no Hospital Pulido Valente e no Parque da Saúde de Lisboa - são os 20 cidadãos retirados da China numa operação coordenada pelas autoridades europeias. Deste grupo fazem parte 18 portugueses e duas brasileiras, que chegaram em 02 de fevereiro ao aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa. Todos estiveram na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei, epicentro do surto.
As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que varia entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado. Os sintomas associados à infeção são mais intensos do que os da gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, como falta de ar.
Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora
Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.
Número de mortos ultrapassou os mil
De acordo com as autoridades de saúde de Pequim, o número total de mortos nas últimas 24 horas subiu para 1016. O número total de casos confirmados é de 42.638, dos quais 2.478 foram confirmados nas últimas 24 horas em território continental chinês. Além das 1.016 mortes confirmadas em território continental chinês, há também uma vítima mortal na região chinesa de Hong Kong e outra nas Filipinas. O novo coronavírus foi detetado em dezembro, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
O balanço ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 350 casos de contágio confirmados em 25 países. Na Europa, o número chegou na segunda-feira a 43, com quatro novas infeções detetadas no Reino Unido.
A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.
Vários países já começaram o repatriamento dos seus cidadãos de Wuhan, uma cidade com 11 milhões de habitantes, epicentro da epidemia, que foi colocada sob quarentena, à semelhança de outras cidades da província de Hubei, afetando mais de 56 milhões de pessoas.
As saídas e entradas estão interditadas pelas autoridades durante um período indefinido, e diversas companhias suspenderam as ligações aéreas com a China. A Comissão Europeia ativou no dia 28 o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, a pedido da França.
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