"A malária é a grande ameaça que podemos esperar em termos de doenças. Outra doença importantíssima é a cólera. Essas duas doenças vêm-nos imediatamente à mente", disse Paulo Ferrinho.
O diretor do IHMT, que falava à agência Lusa, em Lisboa, sublinhou, por outro lado, o impacto das inundações e da passagem do ciclone Idai - que causou 447 mortos e deixou um rastro de destruição - no funcionamento dos serviços de saúde, nas comunicações ou no fornecimento de água potável.
"Isso leva à quebra dos sistemas de prestação de serviços de saúde e de apoio às populações que depois se vai refletir em coisas como a falta de acesso a alimentos, diarreias infantis, falta de acesso das mulheres grávidas a um parto seguro, falta de acesso a locais onde possa haver apoio para recém-nascidos", apontou.
"O colapso do sistema social é talvez a maior tragédia que os moçambicanos vão ter que enfrentar", acrescentou.
Por isso, sustentou, a ajuda humanitária, que nesta primeira fase se destina a satisfazer necessidades imediatas de água, alimentos, cuidados básicos de saúde e tratamento das doenças mais prevalentes, terá que evoluir posteriormente "para a reconstrução do sistema social e de saúde".
"É qualquer coisa que se vai prolongar pelos próximos dois a três anos", estimou.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui fez pelo menos 762 mortos, segundo os balanços oficiais mais recentes.
Em Moçambique, o número de mortos confirmados subiu hoje para 447, no Zimbabué foram contabilizadas 259 vítimas mortais e no Maláui as autoridades registaram 56 mortos.
O governo moçambicano adiantou que estes números ainda são provisórios, já que à medida que o nível da água vai descendo vão aparecendo mais corpos.
O número de pessoas afetadas em Moçambique subiu para 794.000.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que está a preparar-se para enfrentar prováveis surtos de cólera e outras doenças infecciosas, bem como de sarampo, em extensas zonas do sudeste de África afetadas pelo ciclone Idai, em particular em Moçambique.
A cidade da Beira, no centro litoral de Moçambique, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março.
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