O combate ao cancro faz disparar a fatura dos hospitais no que diz respeito aos fármacos.
De acordo com a edição desta quinta-feira (09/05) do Jornal de Notícias, os custos dos hospitais com medicamentos subiram 20,5% no último ano, chegando aos 342 milhões de euros. Este aumento está relacionado, em parte, com as novas terapêuticas, altamente sofisticadas e personalizadas a cada doente.
Em fevereiro do ano passado, o antigo presidente do IPO de Lisboa, Francisco Ramos, contou a título de exemplo, numa entrevista ao Diário de Notícias, que aquela instituição gastou meio milhão de euros por um medicamento, para um doente, durante um ano.
Em 2016, aquele hospital de Lisboa gastou 37 milhões de euros em medicamentos, em 2017, 40 milhões e no ano passado vai aproximar-se dos 50 milhões de euros, ou seja, cerca de um milhão de euros por semana em medicamentos.
A despesa com os medicamentos tem crescido muito depressa, e não é só no instituto de oncologia, mas na oncologia particularmente
"A despesa com os medicamentos tem crescido muito depressa, e não é só no instituto de oncologia, mas na oncologia particularmente, e tem sido muito difícil uma previsão feita agora é muitas vezes falseada nos meses que se seguem de uma maneira completamente imprevisível", afirmou em dezembro João Oliveira, médico oncologista e atual presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa.
João Oliveira advertiu que esta tendência vai continuar "se não houver possibilidade, tanto a nível nacional como a nível interestadual na Europa, de criar algumas regras à forma como o preço dos novos medicamentos vem aumentando, nem sempre em correspondência com a valia que eles têm".
"Existe uma noção que não tem sido contrariada de que tudo o que é novo é forçosamente muito bom e, portanto, merece ser muito caro, mas não é verdade", frisou o médico.
No seu entender, "é muito importante" que "uma grande instituição, como é o Serviço Nacional de Saúde, tenha capacidade para distinguir o que é de facto uma grande inovação e uma terapêutica, que merece um preço elevado, e coisas que vão à boleia das inovações só porque apareceram na mesma altura e que não justificam uma despesa tão grande".
Questionado se há pressão por parte da indústria a da própria sociedade para os hospitais adquirirem medicamentos inovadores, o administrador afirmou: "Claro que há pressão".
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