Em declarações à margem do XIII Congresso Nacional de Cirurgia de Ambulatório, que decorreu hoje em Santo Tirso, o governante não escondeu a surpresa pela decisão anunciada em 02 de junho.

“Temos rondas negociais marcadas com os sindicatos, não posso deixar de manifestar alguma estranheza e até alguma tristeza pelo facto de haver greves pré-anunciadas por sindicatos que têm reuniões negociais marcadas”.

Nessa data, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, frisou à Lusa que, em relação à revisão das grelhas salariais dos médicos, a FNAM está “ainda sem nenhuma proposta concreta por parte do Governo”, o que faz com que seja “obrigada a lançar o pré-aviso de greve” para 05 e 06 de julho.

A decisão de avançar para esta greve, a segunda depois da paralisação de dois dias realizada no início de março, foi tomada após a reunião ocorrida naquela data com o Ministério da Saúde, no âmbito das negociações que estão previstas terminar no final deste mês.

Segundo a presidente da FNAM, se até 30 de junho, dia em que termina o protocolo negocial, o Governo “ceder e apresentar propostas concretas que sirvam os médicos e o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, a greve pode ser evitada.

Hoje, em Santo Tirso, quando questionado pela Lusa se até ao final do mês o ministério iria avançar com novos números, Manuel Pizarro respondeu: “Prefiro confiar na capacidade de estarmos todos de boa-fé a negociar aquilo que é verdadeiramente importante para o SNS e para os portugueses, que é um acordo entre o Estado e os médicos”.

As negociações tiveram o seu início formal já com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas as matérias a negociar foram acordadas ainda com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do SNS no protocolo negocial.

Em cima da mesa estão, assim, as normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS e a revisão das grelhas salariais.

No início de março, os médicos realizaram uma greve de dois dias para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, convocada pelos sindicatos que integram a FNAM, mas que não contou com o apoio do SIM, que se demarcou do protesto, alegando que não se justificava enquanto decorrem negociações.