Segundo o presidente da Assembleia Geral da Liga dos Amigos do Hospital de Viana do Castelo (LAHVC), Defensor Moura, “desde o dia 17 até às 11:00 de hoje, embora não se tenha conseguido contactar todos os voluntários com pontos de recolha, a Liga já conseguiu contabilizar 1.470 assinaturas reivindicando a radioterapia”.
Em declarações à agência Lusa, Defensor Moura adiantou que “a rede constituída espontaneamente por voluntárias e voluntários, amigos do hospital, familiares e doentes, até agora instalou 55 pontos de recolha de assinaturas nos seus estabelecimentos e instituições, em seis concelhos do Alto Minho, (Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Monção, Ponte de Lima e Ponte da Barca)”.
“A Liga iniciou este movimento lançando na sua página de Facebook o abaixo-assinado, sem dirigir ofícios, mensagens ou estabelecer qualquer outro contacto com quaisquer entidades ou empresas. Nesta primeira fase de mobilização da sociedade civil, a Liga apenas distribuiu os impressos do abaixo-assinado pelos seus voluntários e, depois, a outros amigos do hospital, familiares e doentes que o solicitaram”, destacou.
Defensor Moura explicou que a iniciativa foi lançada na sequência “das centenas de mensagens de apoio à denúncia” feita no inicio do mês pela instituição relativamente à ausência de um serviço de radioterapia em Viana do Castelo”, e em solidariedade para com os cerca de 400 novos doentes com cancro que surgem todos os anos e que têm de fazer, cada um, em média, 25 tratamentos de radioterapia em Braga ou no Porto, sujeitando-se a tormentosas viagens diárias”.
O médico aposentado lembrou que “há 42 anos a comunidade vianense levantou-se sob a liderança da LAHVC para contestar a injustificada suspensão das obras do novo edifício do hospital na encosta de Santa Luzia, pressionando a administração hospitalar e o Governo com um abaixo-assinado que em pouco tempo reuniu as assinaturas de mais de oito mil cidadãos de todos os concelhos do distrito”.
“Hoje, a comunidade vianense volta a levantar-se contra a desumanidade a que são sujeitos os doentes com cancro. Psicologicamente deprimidos e, tantas vezes, já fragilizados fisicamente, são obrigados a tormentosas e frequentes viagens por não haver no hospital de Viana do Castelo um serviço de radioterapia”, disse.
Os dirigentes da LAHVC “pretendem que os decisores da instalação do serviço de radioterapia em Viana do Castelo saibam que por trás do abaixo-assinado estão pessoas sensibilizadas e solidárias com os seres humanos doentes, cujo sofrimento pode ser menorizado com uma medida administrativa que, ainda por cima, não acarretará mais encargos para o erário público, antes pelo contrário”.
“É uma reivindicação protagonizada por uma instituição, credibilizada por mais de quatro décadas de intensa dedicação à humanização dos serviços hospitalares, com centenas de milhares de horas de trabalho do voluntariado junto dos doentes, pela contínua campanha de angariação de milhares de dadores de sangue que garante a autossuficiência ao hospital desde 1992 e com a oferta de muitas centenas de equipamentos técnicos e de humanização aos serviços hospitalares, graças ao apoio continuado e muito substancial dos cidadãos vianenses, amigos beneméritos do hospital”.
No início do mês, a LAHVC reivindicou a instalação daquele serviço para acabar com “as frequentes e dolorosas deslocações dos doentes a Braga ou ao Porto”.
Na ocasião, contactado pela Lusa, o presidente da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), Franklim Ramos, disse desconhecer “o teor do comunicado da LAHVC” e referiu que “os doentes do distrito que necessitam de radioterapia são referenciados para Braga ou para o Porto”.
“Não tenho conhecimento, da parte dos doentes, de queixas relativamente à prestação de cuidados quer no Porto, quer em Braga. Para me pronunciar sobre a necessidade de criação de radioterapia em Viana do Castelo teria de ter elementos suficientes, que, por sinal, já solicitei”, declarou.
A ULSAM gere os hospitais de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e o hospital Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima. Integra ainda 12 centros de saúde, uma unidade de saúde pública e duas de convalescença, servindo uma população residente de 231.488 habitantes nos 10 concelhos do distrito e algumas populações vizinhas do distrito de Braga.
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