“Os governos deveriam investir mais verbas na investigação relacionada com perturbações genéticas e como tratá-las, a par da necessidade de compreender o básico da ciência”, disse em entrevista à agência Lusa o cientista.

Craig Mello, Nobel da Medicina em 2016, tem origens portuguesas, uma vez que os seus avôs, que emigraram para os Estados Unidos em 1907, são naturais da freguesia da Maia, na ilha de São Miguel, onde se encontra de visita a convite da Casa do Povo local.

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O investigador recorda que em 2006 escreveu uma carta ao então Presidente George Bush e disse-lhe que estava em marcha uma “revolução na medicina”, numa altura em que a sequência do genoma humano entrava na reta final e as tecnologias disponíveis estavam a “melhorar rapidamente”.

Foi descoberto entretanto que as células podiam desenvolver um mecanismo de busca, explica Craig Mello, que destaca a importância da linha germinativa, um organismo multicelular, “por ser imortal”, havendo “muitas teorias sobre a matéria mas não se consegue ainda compreender”.

“A linha germinativa é especial porque é como o ovo e o esperma, possui muitos segredos que não compreendemos e que literalmente são os segredos da imortalidade”, frisou o norte-americano.

Craig Mello adianta que “não se está a dizer que conseguimos descobrir como ser imortais, mas compreendendo como a linha germinativa o faz podemos aprender muito mais sobre como tornar os nossos corpos saudáveis”.

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“Há muitas oportunidades e infelizmente não se está a investir, e o setor privado não consegue fazê-lo porque torna-se muito duro e custa muito dinheiro”, considera o cientista.

Questionado sobre eventuais evoluções no combate de doenças genéticas e demências como a Doença do Machado, Parkison ou Alzheimer - matéria em que anda a trabalhar com colegas investigadores numa empresa que criou em Massachusetts - o Nobel referiu que “há duas maneiras de combater estas doenças, que são genéticas na origem, em muitos casos distúrbios dominantes”.

Craig Mello está a desenvolver uma terapia que visa “derrubar o mau gene existente no cérebro” que gera as demências, apesar de haverem “muitos desafios inerentes que exigem muito trabalho adicional”, e espera ver o resultado do seu trabalho materializado em medicamentos para travar estas doenças, em breve.