A taxa de infetados e mortos na Bélgica por covid-19 registou, respetivamente, um aumento de 36% e 31% na última semana de outubro, com quase 8.000 infeções e cerca de 20 mortos por dia, informaram hoje as autoridades sanitárias locais.

“Estamos a ver aumentos [do número de infetados] em todas as faixas etárias, mas sobretudo entre os que têm mais de 65 anos. Isso é preocupante porque estas pessoas têm alto risco de sofrer complicações e ser hospitalizadas, já que nem todas receberam ainda a terceira dose” da vacina, explicou o virologista Steven Van Gucht à imprensa local.

No total, desde o início da pandemia, em março de 2020, a Bélgica contabilizou 1.393.358 casos de covid-19 e 26.083 mortes entre uma população de 11,4 milhões de pessoas.

Entre 28 de outubro e 03 de novembro, foram registadas 164 hospitalizações diárias de pacientes com o coronavírus, estando atualmente 343 pessoas nos cuidados intensivos.

O ritmo atual de transmissão do coronavírus na Europa é "muito preocupante" e poderia provocar meio milhão de mortes adicionais até fevereiro no continente, alertou esta quinta-feira (4) a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Estamos, de novo, no epicentro", lamentou o diretor da OMS Europa, Hans Kluge, em conferência de imprensa.

Itália regista um aumento das infeções

Também a Itália regista um aumento das infeções, com o noroeste — zona onde se têm realizado os maiores protestos anti-vacinas – a registar o maior número novos doentes.

Em Trieste, para enfrentar a emergência epidemiológica, o presidente da câmara, Roberto Dipiaza, emitiu hoje uma portaria para impor o respeito pelo distanciamento e o uso de máscaras entre os participantes das manifestações convocadas na cidade para este mês.

A medida foi tomada numa altura em que os dados epidemiológicos colocam a região de Trieste como a que apresenta o maior número de infeções no país, com 376 casos por cada 100.000 habitantes

Dezenas de estivadores do porto daquela cidade, porta de entrada do leste europeu, ocuparam o cais durante vários dias, diminuindo a atividade portuária, em protesto contra as vacinas contra o SARS-CoV-2.

Também em Pádua (Veneto, nordeste), os casos de covid-19 aumentaram, atingindo nos últimos dias 110 pessoas por cada 100.000 habitantes.

Na Alemanha, o dia de hoje ficou marcado por um novo recorde de infeções, com 33.949 casos detetados nas últimas 24 horas, segundo o instituto de vigilância da saúde Robert Koch.

No total, mais de 4,6 milhões de pessoas foram infetadas na Alemanha desde o início da pandemia.

Apesar da nova vaga já ter chegado à Europa ocidental, ainda é na região do leste e centro que se sentem mais as consequências.

A Croácia e a Eslovénia também registaram hoje novos máximos de infetados, tendo os especialistas alertado para um possível colapso do sistema de saúde dos dois países nas próximas semanas.

Causada pelo baixo nível de vacinação – 45% da população na Croácia e 53% na Eslovénia – a vaga atual de covid-19 já é considerada como fora de controlo e ainda não atingiu o seu pico.

A Croácia, com cerca de 4 milhões de habitantes, registou 6.310 novas infeções nas últimas 24 horas, quase 2.000 a mais que na quarta-feira, e 32 mortes.

Na Eslovénia, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas, também foi batido o recorde, com 4.511 infetados nas últimas 24 horas, 735 dos quais tiveram de ser hospitalizados (169 nos cuidados intensivos) e ainda nove mortes.

Os números indicam um aumento de 65 novos doentes relativamente a quarta-feira, incluindo um bebé de um mês.

Rússia com recordes sucessivos

Mais para leste, a Rússia está há várias semanas a bater recordes sucessivos de infetados e registou hoje mais um máximo de mortes por covid-19, com 1.195 óbitos, mais seis do que na quarta-feira.

A Organização Mundial da Saúde considerou hoje a situação da pandemia de covid-19 na Europa “muito preocupante” e apontou a cobertura insuficiente de vacinas e o relaxamento de restrições para explicar o aumento de casos nas últimas semanas.

A covid-19 provocou pelo menos 5.020.845 mortes em todo o mundo, entre mais de 248 mil milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 na China e atualmente com variantes identificadas em vários países.