António Vieira Monteiro, nascido em 21 de março de 1946, era licenciado em Direito e o seu percurso profissional esteve fortemente ligado ao setor da banca durante várias décadas, tendo “contribuído de forma inequívoca para levar o Santander a uma posição de grande destaque no panorama português”, considerou hoje a instituição bancária, num documento enviado à Lusa.
Vieira Monteiro era 'chairman' do banco Santander Totta desde início de 2019, depois de ter ocupado o lugar de presidente executivo (CEO) entre 2012 e o ano passado, cargo em que foi substituído pelo atual presidente, Pedro Castro Almeida.
“Durante a sua liderança o Banco Santander passou a conturbada crise de 2008, apresentando sempre resultados positivos e distribuindo dividendos, sem nunca necessitar de apoio nem do acionista nem do Estado.
Vieira Monteiro tornou-se assim uma figura de peso na sociedade portuguesa e uma figura de destaque na história do Banco Santander em Portugal”, considerou o banco.
Quando abandonou a liderança executiva do Santander Totta, Vieira Monteiro, considerou que deixava o cargo com o banco "preparado para continuar a enfrentar o futuro" e salientando que quando assumiu a liderança a instituição "não era quase nada".
Na mesma altura, Vieira Monteiro apontou ainda a "aposta calculada" nas empresas como um dos fatores do sucesso da instituição.
"Ao fim de sete anos, eu vou continuar no banco, vou ser presidente do Conselho de Administração e, portanto, vou continuar no banco, acho que já tenho idade de deixar a parte executiva, já que vou fazer 73 anos, […] mas aquilo que hei de dizer é que há sete anos quando entrei o banco não era quase nada", afirmou.
Segundo lembrou, no que respeitava às empresas, o Santander tinha "8% de mercado, ou coisa assim parecida, hoje tem 19%, na área de recursos tinha 10, 11%, hoje tem perto de 16%", enumerou, na altura da mudança de cargo, no final de 2018.
"E o mais importante disso tudo é que ao longo destes sete anos nós distribuímos mais de dois ‘bi’ de dividendos aos acionistas e isto passou pela época da crise, isso tudo. Isto significa que o banco não teve ajuda de ninguém, teve a capacidade de poder comprar duas instituições de crédito, o que resultou do banco ter capitais próprios suficientemente fortes que permitiram fazer essas operações sem ajuda de ninguém", salientou.
Para Vieira Monteiro, o balanço do seu mandato como presidente executivo do Santander Totta foi satisfatório: "Podemos dizer que o resultado foi positivo, acho que o banco que temos hoje [no final de 2018] é totalmente diferente daquilo que tínhamos e que o banco fica preparado para continuar a enfrentar o futuro e eu cá estarei para o acompanhar", disse.
Também a aposta calculada no crescimento da influência do banco junto das empresas foi algo de que o responsável se congratulou.
"Nós crescemos no crédito às empresas qualquer coisa como 35 mil milhões de euros e com qualidade porque nunca abandonamos os nossos princípios e os nossos critérios de apreciação de crédito, mostra que qualidade e crescimento podem andar de mãos dadas", referiu.
E, na sua opinião, foram mesmo as empresas que "alavancaram o crescimento" do país, permitindo a saída da crise económica.
"A grande saída da crise deve-se às empresas, não se deve a mais ninguém, as empresas é que foram o motor desse desenvolvimento […], tiveram que se reestruturar, que se capitalizar, tiveram que passar por todo este sistema e depois lançar-se para isso. Hoje temos empresas em muito melhor situação do que antigamente e isso é extremamente positivo. O país mudou mas as empresas privadas foram o grande motor dessa mudança", concluiu.
Vieira Monteiro, que já era administrador do Santander Totta, tornou-se, em janeiro de 2012, o sucessor de Nuno Amado, que saiu para presidir o BCP em substituição de Carlos Santos Ferreira.
Em 1970 começou o seu trajeto no Banco Português do Atlântico onde ficou até 1974, ano em que passou a integrar os quadros do Crédito Predial Português (CPP).
Entre 1976 e 1984 ocupou um lugar na administração do CPP.
De 1985 a 1989 integrou o BES e a administração do Libra Bank (Reino Unido).
Em 1989 começou a sua experiência na Caixa Geral de Depósitos (CGD), que se prolongou até ao fim do milénio.
Naqueles 11 anos ocupou o cargo de presidente executivo da Caixagest (1990–2000), presidente executivo do Banco da Extremadura, Banco Luso Espanhol e Banco Simeon (1991-1996), presidente executivo do Banco Nacional Ultramarino (1996 - 1999) e de vice-presidente da CGD (1993 - 2000).
Em 2000 assumiu o cargo de membro da administração do CPP e assistente da Comissão Executiva do Banco Totta & Açores.
Com a fusão do CPP e do Totta & Açores com o Banco Santander, Vieira Monteiro ocupou um lugar na Comissão Executiva, que só abandonou no final de 2018.
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