Desde os primeiros casos registados no Reino Unido, “são conhecidos pelo menos 228 casos prováveis reportados de 20 países e cerca de 50 estão sob investigação”, adiantou Philippa Easterbrook, especialista da OMS, numa conferência de imprensa em Genebra.
Segundo a cientista chefe da organização, foram comunicados casos de hepatite aguda de cinco regiões da OMS, o que parece excluir uma ligação direta entre os casos e uma determinada área, como a Europa.
Philippa Easterbrook salientou que apenas seis dos 20 países reportaram mais de cinco casos, tendo alguns dos restantes apenas comunicado uma ou duas situações de hepatite aguda em crianças, que já provocou uma morte e 18 transplantes do fígado.
A investigação está a incidir sobre “todas as possibilidades” de causas infecciosas e não infecciosas, assegurou a especialista da OMS, que reafirmou ainda não existir qualquer ligação entre os casos registados e a vacina contra a covid-19, uma vez que a larga maioria das crianças diagnosticadas com hepatite aguda não tinha sido vacinada contra o coronavírus SARS-CoV-2.
Philippa Easterbrook referiu que uma das possibilidades mais fortes passa pela hepatite aguda ser provocada por um adenovírus, com base na proporção de casos que deram positivos para este vírus, e que têm sido feitos “progressos consideráveis” na última semana na investigação das causas.
Um dos objetivos das várias linhas de investigação passa por perceber se o “adenovírus é realmente a causa” da hepatite e não uma “descoberta acidental” nas crianças analisadas, adiantou a investigadora.
Os adenovírus são um grupo de vírus muito comuns que são transmitidos entre pessoas e que muitas vezes causam infeções do sistema respiratório e digestivo, particularmente em crianças.
Quatro casos suspeitos em Portugal
Segundo anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal tem quatro casos suspeitos de hepatite aguda de origem desconhecida em crianças, com idades entre os sete meses e os oito anos, e nenhuma apresentou complicações graves, tendo recuperado do quadro clínico.
Os quatro casos suspeitos foram identificados nas regiões de saúde do Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo e todos testaram negativo para hepatite A, B e C e para o vírus SARS-CoV-2, aguardando-se ainda resultados para a hepatite E em duas situações, revelou a DGS em comunicado.
Segundo a autoridade de saúde, um dos casos já testou positivo para adenovírus, tendo a amostra sido enviada para sequenciação ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Refere ainda que as crianças apresentaram um quadro clínico de hepatite aguda, estando em curso a avaliação laboratorial complementar e a avaliação epidemiológica.
“As crianças tiveram sintomas em abril e estiveram internadas, mas nenhuma apresentou complicações graves, tendo recuperado do quadro clínico”, afirma a autoridade de saúde, sublinhando que se encontram em investigação fatores epidemiológicos como viagens ou ligações entre os casos, em colaboração com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).
Perante uma doença de causa ainda desconhecida, e que se encontra em investigação, a DGS recomenda o reforço de medidas gerais de proteção individual, como a higiene das mãos, a etiqueta respiratória, o arejamento e ventilação dos espaços interiores ou a limpeza e desinfeção frequente de equipamentos e superfícies.
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