“Saúdo este diálogo que a Ordem sempre quis porque somos da opinião que só falando, só conversando, só fazendo reflexões sobre aquilo que é importante para a saúde em Portugal” é que se concretizam objetivos e encontram “potenciais soluções” para os problemas, disse à agência Lusa Miguel Guimarães no final da reunião com a equipa ministerial da Saúde.
No seu entender, “o facto de haver diálogo é fundamental”, reiterando que a Ordem está desde sempre disponível para o diálogo e colaborar naquilo que são as matérias da sua competência e nesse aspeto a reunião “é positiva”.
Segundo Miguel Guimarães, muitas das intenções expressas no programa do Governo para a saúde exigem “orçamentos adequados”, considerando que “este é o momento-chave para que muitas, ou pelo menos uma parte” dessas intenções possam ser concretizadas.
Defendeu também ser o momento, aludindo à discussão do Orçamento do Estado para 2022, de se considerar a hipótese de existirem “orçamentos plurianuais na saúde, que pode ser importante, e até uma lei de meios” que permita responder de “forma mais adequada” às necessidades das populações.
Na reunião, disse, foi abordado “ao de leve” o que foi pedido pela ministra da Saúde, Marta Temido, nomeadamente as preocupações da OM em diferentes áreas da saúde, desde os cuidados de saúde primários, até aos hospitais, passando pelos cuidados continuados, cuidados paliativos.
Para a OM, uma das questões “prioritárias neste momento” é que o Serviço Nacional de Saúde seja transformado no sentido de ter “uma capacidade de resposta mais eficaz e uma capacidade também de poder responder a novos desafios emergentes”.
“Seguramente e infelizmente vão acontecer cada vez mais vezes nomeadamente por causa das grandes alterações ambientais que neste momento existem”, comentou, sublinhando que, nesta perspetiva, “o capital humano tem um papel absolutamente essencial”.
Apontou que um dos grandes problemas é a forma como se fazem os concursos para contratações no SNS: “tem a ver com a administração pública, que é uma área muito burocrática, muito pesada que não permite, por exemplo, autonomia e flexibilidade na gestão, uma governação clínica mais sustentada àquilo que são as nossas unidades de saúde, sejam hospitais, sejam agrupamentos de centros de saúde e os próprios centros de saúde”.
Neste caso, é a forma de motivar os médicos a permanecerem no SNS. “Não haver um conjunto de médicos e de outros profissionais de saúde” que permitam que o SNS funcione em pleno é uma “questão crítica”, disse, exemplificando com 1,2 milhões de pessoas não ter médico de família.
Relativamente ao OE, disse esperar que seja adequado às necessidades dos portugueses: “Precisamos de um Orçamento robusto para a saúde até porque estamos numa fase diferente”.
“Precisamos de ter um orçamento que permita de facto que algumas das alterações que são fundamentais introduzir já no Serviço Nacional de Saúde, e até no sistema de saúde, possam acontecer o mais rápido possível, porque cada minuto que perdemos é o minuto em que não estamos a dar o melhor de nós para melhorar o acesso dos doentes aos cuidados de saúde”, defendeu.
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