A concentração de partículas foi maior nas placentas de mulheres mais expostas a poluentes, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Communications. "O nosso estudo fornece evidências convincentes da presença de partículas de carbono negro originárias da poluição do ar na placenta humana", garantem os autores.

Os resultados, acrescentaram, oferecem uma "explicação plausível para os efeitos prejudiciais à saúde da poluição desde o início da vida".

Nutricionista indica que mulheres grávidas não devem comer uma série de alimentos. Conheça pelo menos estes 10
Nutricionista indica que mulheres grávidas não devem comer uma série de alimentos. Conheça pelo menos estes 10
Ver artigo

Sabe-se que a poluição do ar tem impactos potencialmente devastadores na saúde das crianças. Um dos maiores risco é o de baixo peso na altura do nascimento, o que por sua vez aumenta as hipóteses de diabetes, asma, acidente vascular cerebral, doença cardíaca e uma série de outras condições.

As partículas de carbono negro são capazes de passar dos pulmões das mães para a placenta

Mas a explicação biológica de como e por que motivo a poluição do ar representa uma ameaça para os recém-nascidos intriga os médicos há muito tempo. "O novo estudo lança algumas luzes sobre isso, mostrando que a inalação de partículas de carbono negro pode acumular-se na placenta", afirmou Christine Jasoni, diretora do Centro de Investigação em Saúde Cerebral da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, comentando o estudo.

Cientistas liderados por Tim Nawrot, da Universidade Hasselt, em Diepenbeek, na Bélgica, afirmaram que "as partículas de carbono negro são capazes de passar dos pulmões das mães para a placenta".

"Este é o período mais vulnerável da vida. Todos os órgãos estão em desenvolvimento", explicou ao jornal The Guardian o professor Tim Nawrot, apelando que "para a proteção das gerações futuras, temos que reduzir a exposição [à poluição]".

Nawrot e sua a equipa usaram imagens de alta resolução para examinar as placentas de 23 nascimentos a termo e cinco prematuros.

As mulheres que foram expostas a níveis mais altos de partículas de carbono negro - em média 2,42 microgramas por metro cúbico - apresentaram níveis significativamente mais altos de partículas na placenta do que dez mães expostas a um quarto dessa concentração.

O incrível avô que desenha para o Instagram para estar mais próximo dos netos
O incrível avô que desenha para o Instagram para estar mais próximo dos netos
Ver artigo

Partículas em contacto direto com bebé

Foram ainda encontrados traços de carbono negro no lado interno da placenta, o que estas partículas nocivas em contacto direto com o feto em desenvolvimento.

Não há evidências, no entanto, de partículas de poluição no próprio feto, o que sugere que a placenta pode atuar como uma barreira às toxinas.

"Mas o carbono negro pode acabar por estar a danificar a placenta", disse Jennifer Salmond, professora associada da Escola de Meio Ambiente da Universidade de Auckland, comentando as novas descobertas.

"A má função placentária pode explicar o baixo peso ao nascer que foi associado à poluição do ar em outros estudos", acrescentou.