“É a primeira vez em 25 anos de história que fazemos um evento à porta fechada. Não foi uma decisão nada fácil, mas teve de ser. Tivemos de fazer vários planos e ir ponderando em função da evolução da situação em Portugal. Fomos sempre acompanhados também pela Direção Geral de Saúde [DGS], pelo Governo e, portanto, esta decisão foi muito ponderada a vários níveis”, declarou à Lusa Mónica Neto, diretora do Portugal Fashion.
Questionada pela Lusa sobre se foi ponderado cancelar o evento de moda, Mónica Neto assumiu que a hipótese do cancelamento esteve em avaliação e teria acontecido se as autoridades de saúde tivessem aconselhado que era a melhor solução.
“Se as autoridades de saúde nos tivessem dito que era a melhor solução, nós tê-lo-íamos feito. Não tivemos esse aconselhamento e, portanto, conseguimos assegurar aquilo que é também uma missão nossa, que é dar continuidade ao nosso trabalho de promoção [da moda portuguesa] dentro do calendário internacional das semanas de moda”, explicou Mónica Neto.
Adiar o Portugal Fashion ia “comprometer muito a nossa estratégia” e, portanto, o foco foi manter aquilo que é a “nossa capacidade de promoção e de contribuição”, justificou, observando que já há “muitas fábricas que começam a ser tocadas pela emergência de fechar portas” e que não realizar o Portugal Fashion, de 12 a 14 de março, teria muitas consequências para os ‘designers’ portugueses.
Esta 46.ª edição do Portugal Fashion tem o acesso limitado a profissionais da moda e jornalistas, e está a transmitir em ‘streaming’ (transmissão em direto pela Internet) os desfiles previstos até ao próximo sábado, dia 14.
Além das portas fechadas ao público, o Portugal Fashion desenvolveu internamente vários cuidados logísticos e organizativos.
“Tivemos de nos repensar a vários níveis e é uma responsabilidade grande, mas estamos todos envolvidos em fazer da melhor forma aquilo que estamos a fazer, que é trabalhar”, declarou Mónica Neto.
A ‘designer’ Inês Torcato cancelou esta quinta-feira o desfile previsto para esta noite, e a organização, por seu turno, já tinha anunciado que ia cancelar o desfile de Luís Borges, “por se tratar de um formato que envolveria uma festa”, com “várias pessoas num espaço mais restrito”, bem como o desfile do ‘designer’ italiano Gilberto Calzolari, porque o criador e equipa vinham de Itália, país com transmissão comunitária ativa, na pandemia COVID-19.
O desfile de Júlio Torcato, agendado para sábado, às 21:30, também foi cancelado, assim como os desfiles das marcas de Concreto e Meam.
O Portugal Fashion prossegue na sexta-feira, dia 13, no edifício da Alfândega, com o primeiro desfile agendado para as 16:30 com o ‘designer’ Estelita Mendonça a apresentar a nova coleção outono/inverno 2020/21.
Ao longo dia estão previstos desfiles dos Hugo Costa, Sophia Kah, Diogo Miranda e Luís Onofre.
O Portugal Fashion é um projeto da responsabilidade da Associação Nacional de Jovens Empresários, financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, com fundos provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
O novo coronavírus responsável pela COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou esta quinta-feira o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença.
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