Apesar da elevada incidência de cancro da mama em Portugal, os últimos estudos científicos publicados pela revista Lancet colocam Portugal no pelotão da frente em relação às taxas de sobrevivência na Europa, escreve a TSF.
Portugal surge ao lado de países como a Suécia e Noruega no número de mulheres que sobrevivem à doença. "É um dado muito importante que os portugueses devem saber porque, em Portugal, esta doença está a ser devidamente tratada, corretamente diagnosticada e as medidas de rastreio e sensibilização pública estão a ser adequadas", garante o oncologista Joaquim Abreu de Sousa, citado pela referida estação de rádio.
"Estamos a falar de uma taxa de sobrevivência global de 85% aos cinco anos. São notícias muito boas, que devem servir para encorajar as pessoas a continuarem alerta, a terem consciência de que é uma doença que se pode tratar", acrescenta o médico.
Rastreio ao cancro da mama foi determinante
Olhando para uma área específica, a região Centro regista uma redução "significativa" na mortalidade por cancro da mama, segundo o presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro. "O núcleo destaca-se numa área em particular que é o rastreio do cancro da mama, que começámos há 27 anos, em 1990, que tem há vários anos cobertura total na zona Centro, e em que foram precisos 25 anos para se encontrar o seu impacto", disse o académico Carlos Oliveira.
Segundo o presidente do núcleo, na região Centro há uma "diminuição significativa da mortalidade, que é o grande objetivo do rastreio, e isso já foi provado por estudos realizados e publicados, em que há efetivamente uma redução da mortalidade". A região Centro, sublinha, foi a primeira em Portugal a iniciar o rastreio organizado do cancro da mama, 10 anos antes dos núcleos do norte e sul.
"Infelizmente, até hoje, a zona da grande Lisboa e península de Setúbal não têm rastreio de cancro da mama", disse Carlos Oliveira, considerando esta situação "uma vergonha, porque todos os anos os políticos dizem que o rastreio vai arrancar e não arranca".
Apesar dos resultados positivos, Carlos Oliveira estimou que, em Portugal, até 2030, o cancro da mama cresça 17%, o da próstata entre 35 a 40% e o do intestino (colorretal) mais de 30% em homens e mulheres. Para o especialista, "há que desenvolver efetivamente rastreio em áreas em que são tecnicamente possíveis".
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