“As pessoas ficam muito preocupadas com a situação de pensar que ficam internadas e que os seus familiares não podem vir visitá-los como vinham antes da pandemia”, contou à agência Lusa a enfermeira diretora do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), Maria José Costa Dias, durante uma visita da agência Lusa Hospital Curry Cabral.
Os profissionais de saúde perceberam que o facto de os doentes não receberem visitas, que foram proibidas devido à pandemia de covid-19, os preocupava muito e criaram projetos específicos para dar resposta a estas situações.
“Mais próximo de ti” foi o primeiro a ser criado e possibilita o contacto do doente com a família, através de videoconferência, um serviço que é possibilitado por uma equipa que se desloca aos serviços agendados previamente.
Os profissionais de saúde estão “orgulhosos deste projeto” que já possibilitou, por exemplo, que uma doente assistisse ao casamento da filha por videoconferência. “Foi extremamente importante para ela ter não ter perdido esse momento no seu percurso de vida”, contou.
Outro receio constatado pelos profissionais é o dos doentes que ficam na urgência à espera de uma cama para internamento, sem que os familiares consigam saber como estão.
Para dar essa resposta, foi desenvolvido um sistema na urgência geral polivalente para que um familiar referenciado pelo doente possa receber diariamente informação por telefone sobre o estado de saúde do doente.
Questionada sobre como se gere o dia-a-dia num centro hospitalar em tempo de pandemia, que dá resposta a doentes covid e não covid, Maria José Costa Dias disse que os “maiores desafios” são lidar com situações que não conseguem prever e exigem “decisões rápidas”.
“Nós tentamos prever os cenários, desenhar respostas, temos um plano interno desenhado para dar resposta efetivamente a esta situação de pandemia”, mas “os grandes desafios são as situações para as quais não tivemos possibilidade de nos preparar ou de desenhar soluções de resposta imediata”, explicou.
Mas, frisou, “temos que ser capazes de tomar a melhor decisão que podemos e sabemos no momento, tendo consciência que dali a dois ou três dias podemos ter que inclusivamente reformular e alterar face ao contexto”.
No entanto, no início da pandemia “foi mais difícil”, porque tiveram que se adaptar: “Tivemos de fazer muita formação nesta nova forma de trabalhar com este tipo de doentes, que no fundo não são diferentes de uma outra doença infeciosa que exija o mesmo tipo de procedimentos”.
Mas a formação foi “uma componente essencial” não só para proteger os profissionais para desempenharem as suas funções em segurança como também para garantir a segurança dos doentes.
“A nossa aposta foi sempre, e continua a ser, que o hospital é um lugar seguro onde podem vir. Temos circuitos distintos para as diversas situações e se efetivamente a pessoa necessita deve recorrer ao hospital porque garantimos cuidados seguros”.
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