A verdade é que a sujidade faz com que a máscara não nos proteja tão bem: a humidade, o pó e outras partículas saturam o filtro tornando-a menos eficaz com o decorrer do uso.
A sua manipulação incorreta pode converter a máscara num veículo de transmissão do vírus quando a colocamos em superfícies contaminadas ou quando é manipulada com as mãos sujas.
Que outros problemas podemos ter devido ao uso indevido da máscara?
A primeira barreia corporal depois da máscara é a pele. A probabilidade de surgirem lesões na pele é maior na zona coberta pela máscara. Estas lesões podem ser de dois tipos:
a) acne friccional, decorrente do uso prolongado e do atrito da máscara no rosto, principalmente se estiver mal usada (suja) e, dentro deste grupo, temos o agravamento das lesões que já existem (rosácea, dermatite atópica ou seborreica);
b) acne "cosmético" – muito comum e acontece quando a mascara é colocada por cima de um creme hidratante ou maquilhagem que vai ocluir a pele, ainda mais, e criar um ambiente húmido, impedindo que a pele respire normalmente.
Uma máscara suja, usada prolongadamente, vai ser menos eficaz (o filtro da máscara fica saturado) e vai acumular toxinas e bactérias que podem, havendo susceptibilidade, causar lesões e reações dermatológicas.
Serão as máscaras culpadas pelo mau hálito?
A boca, é superpovoada no que respeita a microrganismos – mais de 300 famílias diferentes de bactérias - e, assim como a pele do rosto, também fica coberta pela máscara. A verdade é que, não podemos responsabilizar as máscaras pelo agravamento do estado da nossa saúde oral, mas o facto de andarmos "mais escondidos" pode ser a razão pela qual as boas práticas de higiene oral sejam descuradas.
Manter a boca saudável é, nos dias de hoje, ainda mais importante, pois a boca é mais uma via de acesso do coronavírus ao nosso organismo. Voltando à questão do mau hálito, é certo que muitas pessoas, só perceberam que tinham mau hálito depois do uso da máscara, mas não porque a máscara assim o causou. Já estava presente, mas ainda não o tinham detetado.
Novamente, é essencial reforçar a necessidade de manter as máscaras faciais limpas, porque a acumulação de saliva pode, além do mau odor, contribuir para a diminuição da eficácia do filtro da máscara.
Resumindo, perante uma sensação negativa de mau hálito, o recomendado é uma consulta de medicina dentária, pois a maioria dos casos de halitose está associada a problemas nas gengivas ou nos dentes.
Sinto que me falta o ar quando uso a máscara?
Esta é uma queixa muito frequente e pode ser explicada pelo facto de, quando usamos uma máscara suja e/ou durante mais tempo que o recomendado, o filtro não funciona tão bem porque está saturado (humidade e sujidade) e a respiração não é tão fácil como logo no início de uma máscara limpa. Assim surge a sensação de falta de ar. A única forma de a combater é o correto uso da máscara.
Em resumo resta dizer que sendo um meio essencial para nos protegermos uns aos outros nesta altura de pandemia, a utilização da máscara tem de ser absolutamente criteriosa e atenta.
As explicações são da médica Ana Silva Guerra, especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética.
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