São precisas medidas urgentes do Governo para que os clientes que frequentam as esplanadas que abriram na segunda-feira respeitem o uso de máscara, defende Daniel Serra, presidente da PRO.VAR, a Associação Nacional de Restaurantes, em declarações à TSF.
Tal como defende o primeiro-ministro, António Costa, para Daniel Serra, quando um cliente usa uma esplanada, deve manter a máscara posta e só a deve retirar nos momentos em que vai comer e beber. "Muito embora muitos estabelecimentos estejam a comunicar, até com avisos, para que os clientes a usem, isso está a ser praticamente totalmente ignorado", refere o presidente da PRO.VAR.
A Associação Nacional de Restaurantes pede assim ao Governo medidas urgentes para evitar que os clientes que usam as esplanadas desrespeitem as regras sobre o uso de máscara. Os proprietários temem que esse desrespeito se possa traduzir num recuo no processo de desconfinamento.
"Nos últimos dias observámos o que estava a acontecer. Nós [associação] recebemos esta preocupação dos estabelecimentos da restauração e do comércio em geral. Na restauração tem a ver com o uso das máscaras e com o facto de os clientes não estarem a respeitar o pedido, e muitos empresários estão a pedir, que sempre que não estejam a consumir mantenham a máscara colocada. (…) Por isso, pedimos uma clarificação das regras de forma urgente para que se possa evitar um retrocesso no desconfinamento", disse o responsável em declarações à agência de notícias Lusa.
De acordo com Daniel Serra, os empresários não conseguem impor o uso da máscara. "Um terço dos estabelecimentos estão a operar e dois terços estão a aguardar por dia 19 de abril e 03 de maio para poderem voltar a normalidade e há aqui uma preocupação de forma generalizada. Os empresários estão com o coração nas mãos porque não conseguem impor essa questão e muitos clientes quase de forma inconsciente acabam por incumprir", sublinhou.
PRO.VAR pede soluções
Por isso, a PRO.VAR pede ao Governo e às autoridades de saúde uma clarificação das regras para a restauração e para o comércio em geral, nomeadamente a obrigatoriedade de afixação das mesmas à entrada dos estabelecimentos.
"Pedimos que o comércio em geral e os estabelecimentos da restauração tenham a obrigatoriedade de ter uma indicação das regras COVID nos estabelecimentos e isso não existe. É mais fácil para o empresário fazer cumprir se estiver afixado. Estamos a falar do ponto de vista também de concorrência: se for uma obrigação todos têm de cumprir da mesma forma, não há concorrência desleal. Uns cumprem, outros não e as coisas não funcionam", explicou.
Segundo Daniel Serra, deviam ser afixadas indicações importantes como a lotação, regras básicas do uso da máscara e da desinfeção das mãos.
“No fundo são regras básicas que temos estado a pedir. Que todos os estabelecimentos fossem obrigados a comunicar para que seja mais fácil essa implementação e que haja aqui um natural desconfinamento e que não haja aqui nenhum sobressalto. Os empresários pedem que haja um equilíbrio entre o controlo da pandemia e a economia. Não queremos aqui voltar a uma situação anterior. São 13 meses de enorme dificuldade que o setor está a enfrentar e seria catastrófico voltar a confinar”, disse.
Tirar a máscara à vez
Na terça-feira, António Costa insistiu que é preciso cuidado no uso das esplanadas e disciplina no desconfinamento, após uma reunião com sete autarcas de municípios com maior incidência de casos.
O primeiro-ministro referiu ainda que estando mais do que uma pessoa na mesma mesa - o limite é quatro -, os clientes poderiam tirar a máscara à vez para fazer comer ou beber.
Na quinta-feira, aquando do anúncio das atividades que iriam abrir ontem, segunda fase do desconfinamento, o primeiro-ministro, António Costa, recomendou que se mantenham "todas as cautelas". “As esplanadas poderão abrir, mas gostaria de recordar que não pode haver grupos com mais de quatro pessoas e que, mesmo na esplanada, devemos manter todas as cautelas", afirmou, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, no qual o executivo decidiu avançar com a segunda fase do plano de desconfinamento, conhecido em 11 de março.
"Obviamente, quando estamos a tomar o café, seguramente não estaremos com máscara. Quando permanecemos no café, mesmo ao ar livre, devemos manter a máscara", acrescentou o governante.
No âmbito da segunda fase de desconfinamento por causa da pandemia de COVID-19, que arrancou na segunda-feira, os restaurantes, pastelarias e cafés com esplanada reabriram, mas com grupos limitados a um máximo de quatro pessoas por mesa, encerrando às 22:30 de segunda a sexta e às 13:00 ao fim de semana.
Desde ontem, as lojas com porta para a rua com menos de 200 metros quadrados deixam de ter de vender ao postigo e passam a poder ter as suas portas franqueadas ao público, para, de acordo com a rotação e as regras da Direção-Geral da Saúde, poderem fazer atendimento presencial.
Nesta segunda fase de desconfinamento reabriram também os ginásios, mas ainda sem aulas de grupo.
A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.885 pessoas dos 823.494 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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