“Cada vez mais se fala em saúde mental. A região tem estado a acompanhar aquilo que é necessário dar aos nossos utentes. Isso quer dizer também que o número de referenciações tem vindo a aumentar e se calhar as respostas agora até se vão tornar cada vez mais insuficientes. Vamos ter de continuar a colmatar essas necessidades, porque há um alerta para a doença, apesar de ainda haver uma estigmatização que é contínua, mas efetivamente estamos melhor”, afirmou a titular da pasta da Saúde nos Açores, em declarações aos jornalistas.

A governante, do executivo PSD/CDS-PP/PPM, falava em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à saída de uma reunião da Estrutura para a Saúde Mental do Açores, em que participaram representantes das oito equipas de saúde mental comunitárias da região.

Em março, à margem de uma sessão de auscultação pública do Plano Regional de Saúde Mental dos Açores, o coordenador da Estrutura para a Saúde Mental dos Açores, Henrique Prata Ribeiro, que não esteve hoje em Angra do Heroísmo, defendeu que, apesar do reforço existente, o rácio de psiquiatras por habitantes nos Açores ainda não era “satisfatório”.

“O rácio ronda os seis [psiquiatras] por 100 mil habitantes. Gostaríamos de chegar a um mínimo de 10 por 100 mil habitantes. Ainda há espaço de crescimento bastante grande”, avançou, na altura, revelando que, em janeiro de 2023, a região tinha 21 psiquiatras, três pedopsiquiatras e 59 psicólogos.

Questionada hoje sobre a falta de psiquiatras nos Açores, Mónica Seidi admitiu uma necessidade de reforço, acrescentando que no Hospital de Ponta Delgada “há dois recém-especialistas que serão absorvidos pelo Serviço Regional de Saúde”.

“Estamos a falar de rácios que são inferiores ao desejado. Isso já foi assumido publicamente. Infelizmente lidamos com essa realidade”, apontou.

Segundo a titular da pasta da Saúde, o executivo açoriano está a tentar encontrar “mecanismos que tentem colmatar essa falha que existe na região”, mas não é exclusiva dos Açores.

“Temos tido a resposta possível, na medida em que a estrutura conseguiu a criação de uma bolsa de médicos psiquiatras para ajudar, sobretudo em aspetos de consultadoria, que muitas vezes é o que importa numa resposta mais célere, no âmbito dos cuidados de saúde primários para auxiliar os médicos que trabalham em ilhas que não têm hospital ou que poderão ter maior dificuldade nessa referenciação”, explicou.

Mónica Seidi considerou que o Plano Regional de Saúde Mental está a ser implementado “de forma satisfatória”, reconhecendo, ainda assim, que gostaria de ter “outras respostas em certas áreas”, que deverão avançar “a partir do terceiro trimestre” deste ano.

A governante salientou que já foram publicados os “critérios de referenciação hospitalar, no âmbito da medicina geral ou dos cuidados de saúde primários”.

“Tem de haver critérios que façam essa referenciação entre os diferentes serviços dos três hospitais, até porque na Horta não temos internamento. Tem de haver uma agilização de forma a facilitar o trabalho que está no terreno, não esquecendo que nas ilhas sem hospital muitas vezes em caso de agitação aguda estes utentes têm mesmo" de ser transferidos, revelou.

Por outro lado, destacou a aposta na formação, lembrando que estão a decorrer formações em saúde mental para enfermeiros e médicos e que está agendada para setembro uma ação para psicólogos.