De acordo com o relatório de avaliação e monitorização dos rastreios oncológicos de base populacional relativo a 2022, que é hoje divulgado, apesar de ter sido o rastreio que mais evoluiu nos últimos anos e de a cobertura populacional ter aumentado ligeiramente relativamente ao ano anterior (de 26% para 33%), ela é ainda “muito baixa”.
O documento, a que a Lusa teve acesso, indica que a taxa de adesão a este rastreio, que conta com uma população elegível a rondar os 1,5 milhões de utentes/ano, se ficou pelos 41% em 2022, uma diminuição significativa face ao ano anterior (51%). No total, foram rastreados 206.754 utentes e 501 (0,8%) foram encaminhados para cuidados hospitalares.
O relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, da Direção-Geral da Saúde (DGS), aponta a necessidade de “melhorar os sistemas de informação que suportam as atividades de rastreio”, sublinhando a importância da partilha de informação entre os sistemas de monitorização dos rastreios e o Registo Oncológico Nacional (RON) para que se tenha “uma visão completa de todo o processo”.
Os responsáveis pelo documento sublinham igualmente a necessidade de investir em campanhas de informação e divulgação para aumentar a adesão da população aos rastreios, nomeadamente o do cancro do cólon e reto.
“A publicação das novas normas para os rastreios oncológicos de base populacional poderão ajudar a aumentar a taxa de cobertura populacional, nomeadamente no que diz respeito às novas metodologias de convite para rastreio” no caso dos cancros do colo do útero e do cólon e reto, acrescenta.
Portugal tem três rastreios oncológicos de base populacional – para cancro da mama, cancro do colo do útero e cancro do cólon e reto. Estes programas encontram-se em fases diferentes de maturidade, com assimetrias na sua abrangência territorial e populacional.
O relatório refere que Portugal atingiu os 100% de cobertura geográfica do rastreio do cancro da mama, com todas as unidades funcionais/unidades de saúde do Continente e das regiões autónomas cobertas. Em 2022, este rastreio atingiu quase 99% de cobertura populacional, ultrapassando a meta europeia de 90% para 2025.
A taxa de adesão ao rastreio foi de 51%, com um total de 423.260 mulheres rastreadas, das quais 6.940 (1,6%) tiveram um resultado positivo e 2.997 foram referenciadas para cuidados hospitalares.
Segundo o documento, apesar do aumento da taxa de cobertura, a taxa de adesão tem vindo a cair, passando de 62% (182.536 mulheres), em 2020, para 55% (370.114), em 2021, e para 51% (415.102), em 2022.
No que diz respeito ao cancro do colo do útero, o rastreio está em todas as regiões de saúde, com uma cobertura geográfica no território continental e Açores de 91% das unidades funcionais.
Este rastreio, que tem uma população elegível média de cerca de 553.661 mulheres/ano, teve uma taxa de cobertura populacional de 64% em 2022. Os dados indicam que a taxa de adesão foi de 94%, com um total de 330.859 mulheres rastreadas, das quais 16.559 (5%) foram referenciadas para cuidados hospitalares.
O rastreio do cancro tem como objetivo reduzir a mortalidade por cancro através do diagnóstico e tratamento precoce da doença ou de lesões precursoras.
A evidência científica atual prova a utilidade dos programas de rastreio dos cancros da mama, do colo do útero e do cólon e reto. Para estas patologias, segundo os dados disponíveis, a concretização dos rastreios proporciona uma redução das taxas de mortalidade na ordem dos 30%, 80% e 20%, respetivamente.
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