O ator britânico Idris Elba, o técnico do Arsenal Mikel Arteta, a estrela de Hollywood Tom Hanks e autoridades políticas... Pobres ou ricos, famosos ou não, o novo coronavírus não discrimina, e o facto de celebridades como Elba terem feito o teste sem apresentar sintomas da COVID-19 irritou muita gente.
O sistema de saúde pública britânico NHS ainda não testa todos os doentes, apesar das recomendações da OMS. Desta forma, é solicitado aos pacientes sem sintomas graves que se isolem em casa e não chamem um médico. Mesmo os funcionários da área de saúde não estão a ser testados, o que provoca o temor de que transmitam o vírus a pacientes ou familiares.
"Estamos inundados de pedidos de testes particulares", assinala no seu site a elitista Private Harley Street Clinic, que os vende por 407 euros. "As pessoas estão muito preocupadas", assinalou ao jornal "Telegraph" o médico Mark Ali, responsável pela clínica.
Segundo a publicação, desde que o estabelecimento lançou o serviço, na semana passada, registrou mais de 2 mil pedidos no seu site, principalmente de pessoas que viram o seu pedido negado pelo NHS.
25 mil testes diários
O teste é enviado em 48 horas ao endereço fornecido pelo cliente, que tem que colher duas amostras de secreções do nariz e da garganta e enviá-las a um laboratório no norte da Inglaterra. Os resultados, que saem em três dias, "são 100% confiáveis" e os casos positivos são reportados ao NHS, segundo a clínica.
Para os que podem, é uma forma de driblar os testes seletivos, que geraram dúvida sobre a capacidade das autoridades sanitárias britânicas acompanharem de perto a evolução da pandemia, que já causou 104 mortes no Reino Unido.
Perante críticas, o governo comprometeu-se hoje a aumentar o número de testes de 5 mil a 10 mil por dia até à próxima semana. O objetivo é chegar a 25 mil testes diários nos hospitais dentro de quatro semanas, afirmou o primeiro-ministro Boris Johnson.
O ritmo é considerável em comparação com os cerca de 56 mil testes realizados desde o início da crise, dos quais 2.626 resultaram positivos. O assessor científico do governo, Patrick Vallance, disse ontem que é "razoável" pensar que cerca de 55 mil pessoas estejam infetadas no país.
"O nosso objetivo é preservar vidas, proteger os mais vulneráveis e aliviar a pressão sobre o NHS. Portanto, o correto é darmos prioridade aos que correm um risco maior de ter doenças graves", defendeu o ministro da saúde, Matt Hancock.
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