O sindicato adianta em comunicado que os enfermeiros estão escalados para um serviço, mas têm de desenvolver atividade na Urgência Geral, deixando o bloco operatório sem o número de elementos necessários.
“Todos os dias pelo menos um enfermeiro da Urgência do Bloco está a ser desviado para dar assistência à Urgência Geral, deixando o serviço de origem com menos enfermeiros em permanência do que o que está estipulado nas dotações seguras da Ordem dos Enfermeiros”, afirma o presidente do SE, Pedro Costa, citado no comunicado.
Pedro Costa explica que, de acordo com a declaração assinada pelos 31 enfermeiros, “é dada indicação a um dos enfermeiros escalado para se ausentar do Bloco Operatório e permanecer na Urgência Geral enquanto não estiverem a decorrer cirurgias”.
“Se houver uma cirurgia de urgência, o enfermeiro deslocado tem de voltar de imediato para o serviço para o qual está escalado, o que nem sempre pode ser feito no imediato, dado que o enfermeiro pode estar com um utente”, adverte o dirigente sindical.
Alerta ainda que esta situação coloca em risco a segurança dos doentes e “pode comportar atrasos no tempo de resposta de uma cirurgia urgente ou emergente, com todas as consequências que daí podem advir para o doente”.
“Estamos a falar de dois serviços com elevada complexidade e responsabilidade, pelo que não podemos exigir aos enfermeiros que estejam escalados para ambos em simultâneo, com o mesmo nível de disponibilidade e concentração”, defende o presidente do SE.
Os subscritores da Declaração de Exclusão de Responsabilidade, entregue à administração do Hospital de Vila Franca de Xira, ao Ministério da Saúde e à Ordem dos Enfermeiros, dizem compreender a “sobrecarga que o atual quadro pandémico exige às equipas de enfermagem”.
Contudo, mostram-se apreensivos com o risco que este tipo de soluções, temporárias, podem representar para os doentes que acedem ao Hospital de Vila Franca de Xira e necessitem de uma cirurgia de urgência, refere o SE, que irá reunir-se com os enfermeiros do Serviço de Urgência do Bloco Operatório na próxima sexta-feira.
Dados divulgados na terça-feira pela Ordem dos Enfermeiros (OE) indicam que, até à presente data, 4.475 enfermeiros pediram escusa de responsabilidade, quando no final de dezembro havia o registo de 3.013 declarações apresentadas.
Esta declaração foi disponibilizada pela OE a todos os enfermeiros para acautelar a eventual responsabilidade disciplinar, civil ou criminal desses profissionais, “face ao elevado número de doentes a seu cargo, uma vez que está demonstrado por estudos internacionais que, por cada doente a mais a cargo de um enfermeiro, a mortalidade sobe 7% nos hospitais”, avançou a OE em comunicado.
No último mês, chegaram à OE pedidos de escusa de responsabilidade de profissionais do Hospital de Leiria, que já ascendem a 2.185, de um total de 2.802 da região Centro, que engloba também as situações de Coimbra, Caldas da Rainha e Guarda.
“Na região Sul, com um total de 1.224 declarações de escusa, são os hospitais de Setúbal, Algarve e Amadora Sintra que enfrentam as situações mais graves, além do Santa Maria, onde já esta semana 101 enfermeiros da urgência pediram escusa de responsabilidade”, adiantou a ordem.
No final de 2021, o Governo assegurou que, desde o início da pandemia de covid-19, "registou-se um aumento recorde dos profissionais de saúde”, com a contratação de mais 1.400 médicos e mais 4.800 enfermeiros para o Serviço Nacional de Saúde.
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