- Para quando em Portugal? -
As primeiras doses da vacina de toma única da Janssen, uma companhia do grupo farmacêutico Johnson & Johnson, que recebeu hoje autorização condicional de comercialização na União Europeia, começam a chegar a Portugal na segunda metade de abril, adiantou fonte da farmacêutica à agência de notícias Lusa.
A mesma fonte confirmou que, no segundo trimestre, Portugal vai receber as primeiras 1,25 milhões de doses desta vacina, que fazem parte de um lote de 4,5 milhões que chegarão ao país ao longo deste ano.
- Qual a segurança e eficácia? -
Talvez o número mais importante a saber seja "zero". Este é o número de pessoas que morreram de COVID-19 depois de receber a injeção desta farmacêutica num teste mundial que envolveu 40.000 pessoas, em comparação com sete que receberam o placebo.
No geral, a vacina preveniu a COVID-19 nas suas formas moderada a grave em 66,1% após 28 dias da injeção. Considerando apenas as formas graves, a prevenção foi de 85,4%.
O que é mais surpreendente é que os bons resultados contra doenças graves foram mantidos tanto na África do Sul como no Brasil, onde as variantes mais contagiosas foram dominantes durante o período de teste.
Em termos de segurança, uma análise de 44.000 pessoas mostrou que a vacina foi geralmente bem tolerada, com efeitos secundários típicos, como dor no local da injeção, dor de cabeça, fadiga e dores musculares.
Foi notificado pelo menos um caso de anafilaxia (reação alérgica grave). Reações deste género também foram relatadas com outras vacinas contra a COVID-19. São, no entanto, raros.
Documentos divulgados pelo regulador dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), que já concedeu aprovação de emergência a esta injeção, mostraram alguns casos de urticária em pessoas que tomaram a vacina.
A FDA também disse que o acompanhamento de longo prazo seria necessário para determinar se a vacina estava ligada a um pequeno número de casos de coagulação potencialmente perigosos e à presença de zumbido (ou tinnitus) nos ouvidos.
- Como compara com outras vacinas já autorizadas? -
As vacinas baseadas em ARN da Pfizer e Moderna mostraram 95% de eficácia contra todas as formas de COVID-19, mas uma comparação direta ainda é difícil de fazer, porque os seus testes clínicos ocorreram antes do aparecimento das novas variantes, sendo que algumas das quais se mostraram menos suscetíveis às vacinas atuais.
As vacinas de ARN provavelmente ainda têm uma vantagem, mas a vacina da J&J oferece vantagens logísticas significativas. Requer apenas uma dose e pode ser armazenada por muito tempo em frigoríficos, em vez de congeladores, o que é especialmente importante para os países em desenvolvimento.
Embora tenha sido relatado um caso de anafilaxia, suspeita-se que causará menos reações devido à forma como a vacina é formulada.
- Que tecnologia utiliza? -
A vacina da J&J usa um adenovírus que causa a constipação comum, que foi geneticamente modificado para não se replicar, para transportar o gene para uma estrutura fundamental do coronavírus. A vacina induz as células humanas a fabricarem anticorpos, impedindo o vírus de invadir as células.
Além dos anticorpos, a vacina também ativa a produção de células T imunológicas, que destroem as células infetadas e ajudam a produzir mais anticorpos.
A injeção da J&J é conhecida como "vacina vetorial de adenovírus". A empresa já tinha produzido, com a mesma tecnologia, um imunizante contra o ébola aprovado pela União Europeia.
As vacinas Oxford-AstraZeneca e Sputnik também são vetoriais de adenovírus.
Todas usam moléculas de ADN de cadeia dupla para transportar instruções genéticas, em vez do ARN de cadeia simples usado pela Pfizer e Moderna.
O ADN é mais resistente, o que permite que essas vacinas sejam armazenadas em temperaturas mais altas.
- O que mais é preciso saber? -
A J&J começará a conduzir testes clínicos para crianças e mulheres grávidas em breve.
Embora a vacina da J&J até agora tenha sido administrada em dose única, a empresa também está a testar um regime de duas doses para ver se produz uma melhor resposta.
Mas as vacinas de ARN podem ter uma vantagem sobre as vacinas de adenovírus quando se trata de reforços.
Alguns cientistas levantaram preocupações de que o sistema imunológico reconhecerá e atacará os adenovírus encontrados anteriormente, o que reduziria a eficácia da segunda injeção.
Isso pode ser especialmente importante quando os fabricantes procuram desenvolver imunizantes específicos para variantes, pois os fabricantes de vacinas de adenovírus podem ter de encontrar novos vetores.
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