Segundo o trabalho que recolhe a opinião de alunos e professores, esta prática está também a mudar, sendo agora frequente o uso de mais insultos, enquanto as agressões físicas diminuem, mas cada vez mais são cometidas por várias pessoas num grupo.
Entre as razões pelas quais essa prática ocorre, destacam-se a aparência física da vítima (56,5%) e as coisas que ela faz ou diz (53,6%), segundo o IV Relatório sobre ‘bullying’ escolar “A Opinião dos Estudantes”, publicado hoje pelas fundações Anar e Mutua Madrileña.
As conclusões do relatório, elaborado entre setembro de 2021 e junho de 2022, refletem que o ‘bullying’ continua abaixo do que era antes da pandemia, embora tenha crescido no último ano, com o regresso total do ensino presencial.
O relatório foi realizado com os depoimentos de uma amostra de 5.123 alunos e 229 professores e graças às 691 oficinas que ambas as instituições ministraram em 301 centros educativos distribuídos por Madrid, Comunidade Valenciana, Castela e León, Baleares e Canárias.
O estudo mostra que o ‘bullying’ está a mudar desde a pandemia de covid-19. Assim, o tipo mais comum no último ano foram insultos e provocações (89,5%), enquanto as demais formas de mexer com a vítima foram reduzidas. Murros e pontapés passam de 38% em 2020-21 para 31,8% no estudo atual.
A maioria acha que o ‘bullying’ afeta apenas uma pessoa (51,3%) e que a vítima sofre com isso há mais de um ano (29,9%).
Entre os motivos pelos quais ocorre, destacam-se a aparência física da vítima (56,5%) e as coisas que ela faz ou diz (53,6%), enquanto menos frequentes, mas também assinaláveis, são as boas notas (20,7%) ou o facto do ofensor ser agressivo (20,2%).
Em relação aos agressores, destaca-se o facto de que em 72,6% dos casos a agressão é realizada entre várias pessoas.
Um aumento que se tem registado nos últimos anos e que já atinge três em cada quatro casos de bullying detetados neste relatório (contra 43,7% em 2018 e 2019).
Regista-se também uma menor incidência de ‘cyberbullying’, com 8,2% a achar que alguém da sua turma é vítima desse fenómeno (16 pontos percentuais a menos que em 2020-21).
A novidade nesse campo é que, embora o WhatsApp continue a ser o principal meio pelo qual ocorre o assédio digital (66,9%), surgem outras redes sociais não mencionadas em investigações anteriores, como o Instagram (53,1%) e TikTok (48,6%).
Nesta secção, os agressores são colegas conhecidos da escola (85,2%), a maioria da mesma turma.
Um avanço registado é que, quando se pergunta aos alunos o que podem fazer para resolver a situação, mencionam, além da primeira opção comunicar a um adulto (29,1%), apagar ou bloquear a conta e apagar as mensagens (20,8 %) ou denunciá-lo (20,1%).
Em relação à resposta da escola aos casos de ‘bullying’, chama a atenção que 45,4% dos meninos percebem que o seu professor não faz nada e até seis em cada dez (61,7%) que a sua escola não faz nada.
Também perto de metade (46,8%) dos alunos acreditam que os seus colegas não fazem nada.
Quase metade do corpo docente (45,9%) já teve conhecimento de algum caso de ‘bullying’.
Destes, mais de metade (56,5%) são professores do ensino secundário e sete em cada dez (69,2%) são mulheres.
Estes tendem a descobrir principalmente através de colegas/testemunhas, da família ou do aluno afetado, e não por si mesmos ou por outro professor.
Na opinião dos professores, os aspetos decisivos para que este fenómeno exista são o uso indevido das novas tecnologias/redes sociais (95,2%), pressão do grupo de amigos (94,3%), falta de respeito às diferenças (93%), a falta de controlo emocional adequado em crianças e adolescentes para resolução de conflitos (92,1%) e a normalização da violência (91,3%).
Os agressores são vistos pelos professores como pessoas que possuem sentimento de superioridade (76,7%) e carecem de habilidades sociais (73,5%).
Na escola primária, os problemas psicológicos do agressor (insegurança, baixa autoestima, frustração, medo da rejeição...) (55,6%) destacam-se como o motivo mais frequente.
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