“[A UA] decide, dada a situação de emergência causada pelo surto de Ébola, autorizar o envio imediato de uma Missão Contra o Ébola na RDCongo, composta por médicos, especialistas de laboratório, epidemiologistas, enfermeiros, e outros funcionários médicos e paramédicos, assim como por elementos de segurança fundamentais para a proteção da missão e dos centros de tratamento”, afirmou a organização, através de um comunicado a que a Lusa teve acesso.
No comunicado, a UA expressou “grande preocupação” com a situação na RDCongo, considerando que a epidemia representa “uma ameaça séria à paz e segurança no país, na região e no continente africano”.
Nesse sentido, a organização continental sublinha a necessidade de se desenvolver, em conjunto com o Governo da RDCongo, autoridades locais e outros parceiros, uma campanha de consciencialização junto das comunidades afetadas, apelando para o apoio da Comissão da UA, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da missão das Nações Unidas no país.
A UA condenou ainda os ataques contra centros de tratamento e contra os seus trabalhadores, tendo instado os grupos armados a aderirem a um cessar-fogo imediato.
A organização, cuja presidência rotativa pertence atualmente ao chefe de Estado egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, reforçou o apelo dos países não fecharem as suas fronteiras, limitarem viagens ou restringirem o comércio interfronteiras.
Em 17 de julho, a OMS considerou que a epidemia de Ébola na RDCongo é uma “emergência sanitária mundial”.
Segundo o último boletim sanitário, divulgado na segunda-feira pelas autoridades do país, “o número acumulado de casos é de 2.592, dos quais 2.498 são confirmados e 94 são prováveis”. No total, foram registadas “1.743 mortes (1.649 confirmadas e 94 prováveis) e 729 pessoas curadas”, desde agosto de 2018.
O ministro congolês da Saúde, o médico Oly Ilunga, demitiu-se na segunda-feira, em desacordo com a decisão do Presidente, Félix Tshisekedi, chamar a si o controlo da resposta ao Ébola.
A atual epidemia de Ébola na RDCongo, que começou em agosto de 2018, é a segunda mais mortífero na história, apenas ultrapassada pela que entre 2014 e 2016 atingiu a África Ocidental e que matou mais de 11.300 pessoas.
O Ébola transmite-se entre humanos através de contacto direto (fluidos corporais como sangue, vómito ou fezes).
Ao contrário da gripe, este vírus não pode ser transmitido por via aérea, sendo por isso menos contagioso. Por outro lado, tem uma taxa de mortalidade elevada, matando em média cerca de metade das pessoas infetadas, de acordo com a OMS.
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