Yazdan Yazdanpanah, diretor do Instituto de Imunologia, Inflamação, Infecção e Microbiologia do Inserm e especialista no âmbito da OMS, mencionou "três estratégias que estão em nível avançado" de estudo, durante uma conferência de imprensa em Paris.

A primeira consiste em utilizar exclusivamente o Kaletra, um medicamento anti-VIH/SIDA que associa duas moléculas antivirais (lopinavir e ritonavir). 

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"Vários colegas chineses usaram-no na China em testes clínicos, dos quais ainda não se tem os resultados", disse.

A segunda opção é associar este medicamento ao interferon (antiviral e imunoterapêutico), uma combinação utilizada contra o coronavírus MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), em um teste clínico ainda em curso.

A terceira baseia-se no remdesivir, outro antiviral usado para tratar o ébola. Há muito poucos dados sobre a sua eficácia, mas segundo um artigo da revista Nature, "parece maior do que a do Kaletra".

Outra pista possível diz respeito aos tratamentos à base de "anticorpos monoclonais", mas o estudo está "menos avançado", segundo Yazdanpanah. 

"A OMS começará rapidamente um teste clínico aleatório internacional", disse.

Os investigadores podem apoiar-se nos trabalhos sobre outros dois coronavírus que originaram epidemias letais (Sars e Mers). Mas a possibilidade de cultivar este novo coronavírus "permite também por à prova moléculas, algumas das quais já disponíveis para outras patologias", acrescentou Yazdanpanah.

Este especialista citou, ainda, outra estratégia em avaliação, que consiste em verificar se pessoas expostas foram infetadas pelo vírus antes do aparecimento dos sintomas e, se for assim, fornecer um tratamento precoce. Por enquanto, o tratamento que se conhece melhor e o único disponível é o Kaletra, por ter sido usado sobretudo na pós-exposição ao VIH.

Entre as questões ainda em aberto está "porque motivo a doença se agrava ao sétimo dia?". Este é um elemento primordial para poder projetar uma estratégia terapêutica, segundo este médico, que também é chefe do serviço de doenças infeciosas do hospital parisiense de Bichat, que recebeu um turista chinês de 80 anos em estado grave.

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