Nas rotinas de hoje, cada vez mais rápidas e a pedir soluções práticas, congelar pão tornou- se uma ferramenta indispensável e conveniente para quem gosta de o ter sempre “fresquinho”. Esta prática evita, claro, o desperdício alimentar, mas também pode trazer benefícios para a nossa saúde intestinal.

Ao ser congelado, e posteriormente reaquecido ou descongelado, parte do amido presente no pão sofre uma transformação em amido resistente. Este tipo de amido não é digerido no intestino delgado e chega por isso intacto ao cólon, onde serve de “alimento” para as bactérias benéficas da nossa microbiota intestinal. Funciona como uma fibra alimentar: não é absorvido como os restantes hidratos de carbono e ajuda a regular o trânsito intestinal, melhorando a integridade da sua estrutura e mucosa e contribuindo para a produção de ácidos gordos de cadeia curta como o butirato, um composto essencial para a saúde do cólon.

Para além de manter a textura e sabor por mais tempo, congelar o pão pode então aumentar sua capacidade de atuar como um prebiótico natural.

Pães feitos com farinhas menos refinadas, como a integral ou de fermentação natural, que apresentam já vantagens do ponto de vista nutricional, quando congelados e reaquecidos estas vantagens podem ser ainda mais interessantes. No entanto, é importante ter atenção ao método de descongelamento do pão. O ideal é descongelar lentamente no frigorífico ou aquecer diretamente no forno ou torradeira e evitar o microondas, visto que esta última opção reduz o teor de amido resistente no pão.

Para quem procura melhorar a saúde intestinal de forma prática, incluir o pão congelado e bem descongelado pode ser uma estratégia simples, saborosa e eficaz. Afinal, pequenas escolhas no dia-a-dia fazem grande diferença na saúde digestiva. Esta é mais uma forma simples de potencializar um alimento do nosso quotidiano sem mudanças drásticas na rotina nem na dieta.

Um artigo da nutricionista Margarida Sá, das Clínicas Leite.