A obesidade atingiu níveis preocupantes. O tecido gordo é anatomicamente distribuído no corpo humano e essa distribuição é influenciada por vários fatores, incluindo o sexo, a idade, a genética, a dieta, o nível de atividade física e o padrão hormonal. No passado, foi sugerido que o número de células do tecido gordo (adipócitos) estava definido à nascença e que esse número predispunha as pessoas para serem magras ou obesas.
Segundo essa teoria, quando as pessoas engordavam, estavam a aumentar o tamanho das suas células no tecido gordo. No entanto, atualmente, sabe-se que as células não só aumentam de tamanho como aumentam em número. Perante um balanço calórico positivo, que sucede quando se ingere mais calorias do que as que se gastam, o aumento da gordura corporal deverá obedecer a uma série de regras.
Deverá fazer-se preferencialmente através do aumento do número de células, em detrimento do aumento do seu tamanho. Se este processo não decorrer assim, a probabilidade das pessoas ficarem doentes é consideravelmente maior.
No fundo, as evidências científicas mais recentes demonstram que existem aumentos de massa gorda corporal mais saudáveis do que outros. Isto significa que nem todos os gordinhos são pouco saudáveis.
Alguns magros, surpreendentemente, pela mesma lógica, podem estar doentes, sofrendo de doenças relacionadas habitualmente com a obesidade e o excesso de peso. Contudo, é importante referir que a mesma pessoa será mais saudável se o seu peso estiver dentro dos padrões considerados normais, a situação ideal.
Curiosamente, alguns dos últimos estudos realizados demonstraram que as pessoas que realizavam atividade física de forma regular, quando aumentavam de peso, isso devia-se ao aumento do número das células de gordura e não ao aumento do tamanho das células. Isto é explicado pela libertação de determinadas substâncias durante o esforço.
O que nos leva a concluir que, mesmo que a atividade física não seja suficiente para conduzir à diminuição do peso, pelo menos tem a grande capacidade de nos tornar gordinhos saudáveis. Segundo dados do observatório europeu de obesidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), os países do sul da Europa, como Portugal, Espanha ou Malta, têm maiores taxas de obesidade nos adultos e também nas crianças.
Texto: Teresa Branco (fisiologista na gestão do peso e diretora do Instituto Prof. Teresa Branco)
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