Utilizadas tradicionalmente há milhares de anos pelos povos asiáticos (como alimento e pelas propriedades medicinais), as algas despertaram a atenção dos países ocidentais apenas nas últimas décadas.
Estas plantas que habitam mares, rios, lagos, etc., não dispõem de raízes, não formam flores nem frutos. Contudo, a luz filtrada pela água permite-lhes oferecer a clorofila. Atualmente estão inventariadas mais de 25.000 espécies de algas que podem classificar-se consoante a cor.
Assim, existem as clorofíceas (verdes), as feofíceas (castanhas), as rodofíceas (vermelhas) e as cianofíceas (azuis). As algas apresentam formas e dimensões variadas: podem ser microalgas (do tamanho de um glóbulo vermelho, por exemplo) ou atingir vários metros (50 a 60 metros).
Altamente nutritivas
Do ponto de vista nutricional, as algas constituem um alimento completo que pode ajudar a colmatar as muitas, e comuns, carências alimentares atuais.
As algas apresentam um elevado teor proteíco e algumas espécies como a espirulina contêm cerca de 70% de proteínas. São ricas em aminoácidos essenciais e muito bem digeridas devido à presença de sais minerais e algumas enzimas. Estes vegetais apresentam um nível baixo de hidratos de carbono e de açúcares.
Segundo resultados de diversos estudos, os polissacáridos presentes nas algas ajudam a reduzir a toxicidade provocada por metais pesados. O teor de lípidos é igualmente reduzido, pelo que as algas constituem um alimento pouco calórico.
Por esta razão, são amplamente utilizadas em dietas de emagrecimento.
As algas são ricas em muitas vitaminas (C, E, grupo B e betacaroteno), minerais e oliogoelementos (iodo, zinco, cálcio, ferro, sódio, magnésio, silício, cobalto, crómio e manganês).
O teor de iodo das algas é particularmente importante, pois estas podem ajudar a equilibrar a disfunção da tiróide em caso de hipotiroidismo, contribuindo para evitar o crescimento desta glândula (bócio). Porém, em casos de hipertiroidismo o conselho do médico é essencial quanto a ingestão de produtos à base de algas, pois pode haver um agravamento da situação.
Que outras propriedades têm?
De entre as inúmeras algas existentes, devido às propriedades que apresentam, destaco a ação da Clorela (Chlorella pyrenoidosa), a Espirulina (Spirulina maxima) e a Bodelha (Fucus vesiculosus).
A Clorela é uma microalga verde, unicelular, de água doce, cujo nome se deve à abundância de clorofila. Rica em nutrientes e ácidos nucleicos (DNA e RNA), apresenta propriedades desintoxicantes e estimulantes do sistema imunológico, sobretudo ao nível da actividade anti-viral.
É útil no crescimento das crianças, sobretudo quando há necessidade de enriquecimento nutricional e na nutrição de grávidas e durante a amamentação.
A Espirulina é uma microalga de cor azulada, rica em clorofila e outros nutrientes. É um bom complemento alimentar para vegetarianos e desportistas. Ajuda a combater o cansaço físico e intelectual e reforça o sistema imunitário. Estes dois tipos de algas são comuns em preparados para combater o mau hálito, devido à sua riqueza de clorofila.
Por seu lado, a Bodelha, é uma alga castanha, rica em iodo que, como já se referiu acima, pode ser benéfica em casos de hipotiroidismo. Todas estas algas são utilizadas como coadjuvantes em dietas de emagrecimento. O regime alimentar macrobiótico inclui as algas na sua alimentação, tal como o fazem a maior parte dos países asiáticos, sendo estas cozinhadas com os restantes vegetais. As mais comuns são: kombu, wakamé, nori e hiziki.
Outros benefícios
Para além dos benefícios que as algas podem trazer à nossa saúde, são extraídas delas muitas substâncias, utilizadas nas mais diversas indústrias. Por exemplo, na indústria alimentar são retiradas das algas substâncias que funcionam como aditivos naturais com as funções de gelificantes, espessantes e estabilizantes. São elas o agar- agar (E-406), o carragenano (E-407) e os alginatos (E-400).
Por último, na cosmética as algas são vastamente utilizadas em preparações para ajudar a rejuvenescer a pele, prevenir problemas circulatórios e reumáticos e combater a celulite.
As explicações são do médico Pedro Lôbo do Vale, especialista em Medicina Geral e Familiar.
Comentários