Em 2015, Philip Siefer e Waldemar Zeiler estavam em pleno processo de financiamento coletivo para o seu negócio quando descobriram algo inusitado. "Ouvíamos a mesma pergunta por parte dos doadores o tempo inteiro: 'os preservativos são veganos?'". "Ainda não tínhamos percebido que os preservativos tradicionais costumavam ter uma proteína animal para deixar o látex mais macio", explica Philip Siefer, à BBC.
Os empreendedores alemães estavam a tentar aceder a uma fatia do mercado global dos preservativos - que vale cerca de 8 mil milhões de euros - com um produto ecológico, mas não se lembraram que podiam ter também ao mesmo tempo um produto vegano.
Entretanto, a linha de produtos de higiene sustentáveis e veganos desta dupla alemã sediada em Berlim cresceu e alcançou uma receita anual de 5 milhões de euros no ano passado.
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O nome da empresa, Einhorn, significa unicórnio em alemão. Foi durante uma compra de preservativos com a namorada que Philip Siefer se apercebeu que não havia alternativas ecológicas na Europa. Siefer juntou-se ao amigo Waldemar Zeiler e ambos decidiram avançar para um negócio que fosse justo e sustentável, não apenas para o planeta, mas também para os funcionários.
Nessa altura, Siefer e Zeiler procuravam uma forma de escapar ao sonho capitalista. "Depois de dez anos a trabalhar em startups, via colegas e amigos à minha volta a ganhar milhões, mas mesmo assim infelizes", comenta Siefer àquela estação de televisão britânica.
Ambos lançaram uma campanha de financiamento coletivo que recolheu 100 mil euros e foi nessa altura que o veganismo se tornou parte da genética da Einhorn. "Queríamos criar um produto que fosse fácil de vender e despachar online, sem que tivéssemos de lidar com devoluções, que são uma das maiores fontes de custos dos negócios online", refere Siefer.
A maioria das opções atuais de preservativo contém a proteína animal caseína, encontrada no leite dos mamíferos. A matéria-prima principal é o látex - seiva extraída de árvores (seringueiras) cultivadas principalmente na Ásia e suavizada pela adição da caseína.
A Einhorn trocou a caseína por um lubrificante natural feito a partir de plantas, além de adquirir látex extraído de forma ecológica por uma rede de pequenos produtores na Tailândia que recebem salários acima da média. Esses produtores evitam o uso de pesticidas e o objetivo é abolirem por completo o uso de químicos.
A Einhorn não é a primeira empresa a criar um preservativo vegano, uma vez que a marca norte-americana Glyde lançou esse produto pela primeira vez no mercado em 2013.
Zeiler e Siefer assinaram ainda uma espécie de manifesto ao fundar a Einhorn, que obriga a empresa a investir 50% dos seus lucros em projetos sustentáveis. Depois do esquema de negócio montado, a dupla alemã aliou-se a alguns dos maiores retalhistas na Alemanha, como a gigante dos produtos de cosmética, saúde e higiene DM. Um pacote de sete preservativos da Einhorn custa cerca de 6 euros.
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