O transplante de um rim é a melhor opção para doentes com insuficiência renal crónica avançada. Existem ainda, todavia, muitos mitos em torno da transplantação que dificultam a doação, sendo necessário clarificá-los, alerta a Sociedade Portuguesa de Nefrologia. O primeiro transplante de um órgão em Portugal foi há 50 anos, a 20 de julho de 1969, pela equipa do cirurgião Alexandre Linhares Furtado, em Coimbra.
"Era um progresso necessário ao país e eu não hesitei", assumiu, cinco décadas depois, o especialista em entrevista ao Diário de Leiria. "Era o cumprimento de um dever que eu tinha", refere. Meio século depois, o otimismo mantém-se. "A taxa de sucesso do transplante renal é superior a 90% no primeiro ano. As estimativas apontam para que 50% dos transplantes de rim funcionem mais de 11 a 12 anos", refere Fernando Nolasco.
"E há doentes com 20 anos de transplante que fazem a sua vida normal, o que é um grande sucesso no tratamento destes doentes", sublinha o presidente da comissão científica da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN). "A transplantação tem uma melhor capacidade de substituição da perda da função do rim do que a hemodiálise. Dá uma maior autonomia ao doente com melhor qualidade mas tem outras exigências, como as terapêuticas de manutenção no período pós-transplante", acrescenta ainda este especialista.
Antes do transplante de um rim, são realizados vários exames para certificar que os órgãos do dador estão em bom funcionamento e que este cidadão benemérito não é portador de nenhuma doença que possa ser transmitida ao recetor. O sangue do dador tem também de ser cruzado com o dos possíveis recetores. "Apenas receberá o rim o doente que preencha o maior número de condições", assegura este organismo.
De acordo com números do Instituto Português do Sangue e da Transplantação, em 2012 foram realizados em Portugal 681 transplantes de rim, menos 157 do que em 2011, o que representa uma redução de 19% do número de transplantes. Em Portugal, estima-se que cerca de 800.000 pessoas venha, em média, a sofrer de doença renal crónica. As estimativas consideram qualquer uma das suas cinco fases ou estádios de evolução.
A progressão da doença é muitas vezes silenciosa. Não apresenta grandes sintomas, o que leva o doente a recorrer ao médico tardiamente, já sem possibilidade de qualquer recuperação. Nos últimos anos, o número de transplantes renais com dadores vivos cresceu. Só no primeiro semestre de 2019 aumentou cerca de 33%. Os dados foram avançados pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST, IP).
Estes números representam um avanço face ao ano anterior, uma vez que no primeiro semestre de 2018 o número destes dadores tinha sofrido uma diminuição de 40% face a 2017, uma redução que deixou muitos profissionais do setor em alerta. A SPN é uma organização de utilidade pública, sem fins lucrativos, fundada em 1978, que tem por missão melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas afetadas de doença renal.
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