Embora seja uma hormona androgénica, definida como uma hormona masculina, a testosterona também está presente nas mulheres, sendo segregada pelos ovários e pela glândula suprarrenal. Esta hormona, um esteroide anabolizante, promove o desejo sexual, a força muscular, a densidade óssea e o bom funcionamento do metabolismo, sendo por isso fundamental manter os seus níveis no organismo equilibrados.

Em níveis insuficientes, "pode estar associada a falta de energia, desinteresse sexual e humor depressivo", explica Mário Sousa, ginecologista. Em excesso, "manifesta-se através de acne, seborreia e hirsutismo [pilosidade excessiva e com distribuição anormal na face, no baixo abdómen e no peito]", descreve ainda o especialista, segundo o qual a produção excessiva pode indicar uma patologia do ovário.

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A síndrome do ovário policístico é uma das principais causas de infertilidade em todo o mundo. As mulheres, regra geral, produzem 20 a 30 vezes menos testosterona que os homens, sendo que esse valor tende a decrescer lentamente e progressivamente a partir da terceira década de vida, como comprovaram muitos estudos científicos ao longo do tempo. Essa diminuição pode ser acelerada pela toma de contracetivos, que reduz a quantidade de testosterona, como referem vários cientistas que conduziram investigações internacionais.

Tal sucede porque esses fármacos estimulam a produção de uma proteína chamada de globulina ligadora de hormona sexual pelo fígado. A lista de sintomas de níveis baixos de testosterona na mulher inclui uma diminuição ou perda do desejo sexual, dificuldades em atingir o orgasmo ou a diminuição da sua intensidade e/ou uma diminuição da autoestima e da autoconfiança feminina.

A par desses, os especialistas falam ainda de falta de iniciativa e desleixo, do aumento de gordura corporal, da diminuição da massa muscular, da diminuição da massa óssea e/ou de uma menor firmeza muscular, fraqueza e cansaço. Mesmo quando os níveis de testosterona da mulher se apresentam no seu nível máximo, são, ainda assim, muito inferiores aos masculinos, como comprovaram estudos internacionais.

Outras hormonas que influenciam o desempenho sexual

Além desta hormona, que também o regula estado de espírito e a vitalidade do organismo, também existem outras, as hormonas tiroidianas, que controlam o metabolismo e têm uma importante ação na regulação da líbido. A hormona somatomedina C atua em conjunto com a testosterona, bem como a oxitocina, a hormona do prazer e do orgasmo, como é muitas vezes apelidada.

Os especialistas apontam ainda a ação da progesterona (fundamental para o bem-estar humano), o estradiol (o seu défice reduz a líbido e o excesso pode suprimir a progesterona), o estriol (importante na lubrificação vaginal) e a prolactina. O seu excesso, que se manifesta em fases como a amamentação, também bloqueia a ação da testosterona e do estradiol/progesterona, com consequências para o sexo.

Entre as hormonas que interferem na felicidade sexual, incluem-se ainda a melanotrofina (hormona que dá cor à pele e que também interfere com a líbido), a dihidrotestosterona, o cortisol (regula os níveis de energia e vitalidade do organismo) e a insulina. Níveis elevados podem aumentar a quantidade de testosterona livre na mulher, afetando o seu desempenho sexual, avançam ainda vários estudos internacionais.

Texto: Nelma Viana, Rita Miguel e Vanda Oliveira com João Jácome de Castro (médico endocrinologista), Luís Romariz (médico especialista em medicina antiaging), Ricardo Gusmão (psiquiatra), Mário Sousa (médico ginecologista), Teresa Branco (fisiologista na gestão do peso) e Teresa Paiva (neurologista)