Maestrina principal da Orquestra Sinfónica Portuguesa, maestrina convidada da Orquestra Gulbenkian, diretora artística do Estágio Gulbenkian para Orquestra e diretora musical da Berkeley Symphony, na Califórnia, pela quinta temporada. Formou-se na Academia Nacional Superior de Orquestra, em Lisboa, mas foi nos Estados Unidos da América que concluiu o doutoramento e se afirmou como maestrina. Mundialmente reconhecida e premiada, encara com entusiasmo o presente, vivido entre Portugal e os EUA. «Estes projetos, a longo prazo, são um desafio enorme para o meu crescimento como artista», afirma Joana Carneiro, em entrevista à Prevenir.
«Tanto em termos de repertório como também na minha relação com as comunidades em que estas orquestras estão inseridas», acrescenta ainda. «Aquilo que define um maestro é um enorme amor e respeito pela música, pelo papel que tem na transformação da humanidade e um enorme amor e respeito pelos músicos e por todos os que nos ajudam a tornar real a expressão de sentimentos através de sons. Tudo o resto acontece naturalmente se existir esta base. O mais importante é conhecer em profundidade o texto musical, o conteúdo», afirma.
«Em segundo lugar, temos que saber transmitir o texto de uma forma clara e bela», explica a maestrina. O seu percurso tem-lhe permitido viajar por todo o mundo. «Existem regras de funcionamento específicas que diferem de orquestra para orquestra ou entre países mas, em geral, os desafios são mais em termos da minha preparação, variando consoante o projeto que preparo. Gerir o primeiro contacto, o stresse e os imprevistos depende da preparação musical e da capacidade que temos para exprimir a visão de um compositor», confidencia.
«E, evidentemente, do bom senso e da constante busca de harmonia e beleza», continua. «Quanto à crítica, faço-a sempre a partir da música, como fazem em relação a mim. A crítica na música surge de uma disparidade que possa existir entre o que entendemos serem os desejos de um compositor e o que escutamos. Uma vez identificada essa diferença, temos de encontrar uma solução entre maestros e instrumentistas. Acho interessante conhecer melhor os elementos da equipa para além da formação musical. Criar laços sociais», sublinha.
«Se for algo natural, é muito positivo mas, numa grande parte das orquestras em que trabalho, é impossível essa proximidade, porque apenas estamos juntos quatro ou cinco dias», prossegue Joana Carneiro. A exceção ocorre nas orquestras onde reside, como em Portugal e EUA, onde é possível esse contacto que acontece naturalmente, entre ensaios, antes e depois de concertos e em reuniões. No entanto, a maestrina defende que o sucesso deve ser vivido em equipa.
«No palco, num concerto, é a forma mais direta e clara de o fazer, quando sentimos a aceitação do nosso trabalho por parte do público, mas nos ensaios e em reunião com orquestra existe esse espaço de partilha. É importante», conclui a maestrina, que em 2009 chegou à Orquestra Sinfónica de Berkeley, sucedendo a Kent Nagano, tornando-se na terceira diretora musical dessa formação ao longo dos seus quarenta anos de história. Nascida em Lisboa, Joana Carneiro iniciou os seus estudos musicais como violetista antes de se formar em direção de orquestra na Academia Nacional Superior de Orquestra de Lisboa, onde estudou com Jean-Marc Burfin.
Texto: Manuela Vasconcelos
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