Apenas 1% da água existente no planeta está disponível para consumo. Prevendo-se o crescimento da população mundial de 6,2 biliões de pessoas para 8,1 biliões até 2030, é fácil concluir que a poupança de água deve ser, atualmente, uma das maiores preocupações da humanidade, sendo que, num contexto marcado pela fraca pluviosidade e pelo aumento da secura, necessidade de poupar nunca foi tão grande.
Como poderemos, então, chegar a uma resposta eficiente para a rega dos espaços verdes, tão importantes nas nossas sociedades, tais como áreas de lazer, de desporto e de descanso e que contribuem para uma maior qualidade do ar e do ambiente, proporcionando a todos nós uma melhor qualidade de vida? Para a realização de uma rega eficiente, quatro aspetos são fundamentais, esclarece Bernardo Fleming:
- A existência de um projeto correto
- O uso de equipamentos e produtos adequados a cada situação
- Instalação devidamente efetuada
- Manutenção e utilização adequadas do sistema de rega
Para conseguir um projeto bem dimensionado sem prejudicar o objetivo de desenvolvimento das nossas culturas, deveremos ter a preocupação de proporcionar a melhor uniformidade possível. Toda a zona a regar deverá receber a mesma quantidade de água. Para isso, é necessário escolher devidamente os emissores para cada situação e proporcionar uma rigorosa implementação dos emissores sobre as zonas a regar.
O sistema de rega projetado, que deve idealmente ser desenvolvido com a consultoria de profissionais especializados, deverá ser também duradouro e pensado para ter o mínimo de manutenção possível, poupando água e mão de obra e garantindo o investimento feito em plantas, árvores e relvados. Além de ter em conta a dimensão do terreno, também não deverá descurar as características que o definem.
Os fatores que influenciam a escolha de um sistema de rega
A escolha dos equipamentos do sistema de rega assume um papel determinante para a boa gestão da água, pelo que a sua seleção deve, forçosamente, ser cuidadosa e, acima de tudo, criteriosa e efetiva. Os sistemas automatizados são muito mais eficientes no uso da água do que um sistema de rega manual com mangueira, permitindo uma distribuição de água muito mais uniforme e maior flexibilidade ao utilizador.
Permitirá ainda regar durante o tempo estritamente necessário e aplicar apenas a quantidade de água necessária a cada tipo de planta em função das suas exigências. Outra vantagem será a hipótese de se proceder à programação de regas automáticas durante os períodos noturnos, quando há menor perda de água por evapotranspiração. Para a rega de plantas anuais, maciços arbustivos e árvores, será indicado o uso de equipamentos para rega localizada, como é o caso dos gotejadores e dos brotadores.
Com estes emissores, a água é canalizada diretamente na zona radicular da planta. Este sistema trabalha com caudais muito baixos e com pressões reduzidas, evitando, desta forma, o escorrimento de água e a rega de zonas indesejáveis, o que contribui para a efetiva redução da quantidade de água necessária, um dos principais objetivos que se pretende. Além disso, evita ainda aparecimento de infestantes.
A melhor forma de instalar um sistema de rega
Atualmente, quase todos os programadores utilizados para controlar os sistemas de rega automáticos já têm características e sensores específicos para a poupança de água. Um sensor imprescindível num bom sistema de rega será o sensor de chuva,
que permite medir automaticamente a precipitação evitando o desperdício de água quando chove. Estes sensores permitem poupar 15 a 20% de água por ano.
Outro aspeto de grande importância na escolha dos equipamentos é a utilização de dispositivos reguladores de pressão em situações de alta pressão. Pressões mais elevadas aumentam o consumo de água e o seu desperdício. Uma redução de 0,35 bar permitirá uma diminuição do consumo de água de cerca de 6% a 8%, reduzindo a nebulização e garantindo uma cobertura de água eficiente e uniforme.
A correta instalação do sistema de rega automático é fundamental para o seu bom funcionamento. A instalação deverá obedecer ao projeto de rega previamente realizado, seguir todas as normas de instalação dos equipamentos estabelecidas pelos fabricantes e ser realizada por profissionais com experiência. Por último, os sistemas de rega automáticos, apesar de serem autónomos e funcionarem durante todo o ano segundo uma programação, exigem alguma manutenção para garantir o seu bom funcionamento e a sua longevidade.
Alguns procedimentos, devidamente explicados nas instruções de utilização do produto, não deverão ser descuidados, tais como a limpeza regular dos filtros instalados previamente a montante das eletroválvulas e dos emissores ou a verificação periódica do correto funcionamento de todos os equipamentos, também ela necessária, segundo as configurações, as normas e as afinações definidas no processo de instalação.
Texto: Bernardo Fleming (engenheiro agrícola)
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