Água, solo e eletricidade, são inúmeros os recursos necessários para produzir comida suficiente para alimentar milhares de milhões de pessoas. Ainda assim, em todo o mundo, e segundo dados recentes do estudo da WWF & Tesco de 2021, desperdiçam-se 2,5 mil milhões de toneladas de comida por ano. Isto significa que mais de um terço da comida mundial é desperdiçada. Só em Portugal são desperdiçados cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano.
O estudo global, realizado pela empresa de pesquisas de mercado YouGov, a pedido da Too Good To Go, decorreu por referência ao Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perdas e Desperdício Alimentar, estabelecido pela ONU a 29 de setembro de 2020. O trabalho contou com mais de 17 mil inquiridos distribuídos por 12 dos 16 países em que a aplicação está presente e revelou que, apesar de grande maioria das pessoas estar ciente da importância do combate ao desperdício alimentar em casa, uma grande percentagem continua a desperdiçar. “Uma realidade preocupante quando os últimos números do desperdício alimentar revelam, inclusive, um aumento na quantidade de desperdício alimentar produzido a nível global”, indica em comunicado a Too Good To Go.
O inquérito decorreu em vários lares, um pouco por todo o mundo (entre outros países, Espanha, Holanda, Itália, Portugal, Dinamarca, Polónia, Suécia, França, E.U.A, Suíça, Áustria, Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Noruega), para entender o nível de consciência das pessoas face à importância da redução do desperdício de alimentos, como forma crucial e imediata para combater as alterações climáticas. A Too Good To Go tentou, mais tarde, apurar por que razão aqueles que estão conscientes desta correlação continuam, ainda assim, a desperdiçar comida diariamente.
Dos países inquiridos, “apenas 37% dos entrevistados, que afirmaram saber que reduzir o desperdício de alimentos é uma das formas mais eficientes para combater as alterações climáticas, responderam que não desperdiçam nenhum alimento. Do total, 55% confessa que ainda desperdiça algum tipo de alimento. A principal razão? Segundo as respostas apuradas, 22% dos inquiridos acredita que as quantidades são tão reduzidas que não vale a pena evitar o seu desperdício”, adianta a Too Good To Go com base no resultado do estudo.
“Em Portugal, 41% dos inquiridos afirma não desperdiçar comida e globalmente, 35% dos inquiridos respondeu que não desperdiça comida. Já 72% dos inquiridos portugueses afirma estar ciente que a solução primeira para combater as alterações climáticas é a redução do desperdício alimentar. As famílias portuguesas com crianças até aos seis meses, representam o grupo que mais desperdiça alimentos - apenas 8% responderam que não desperdiçam”, refere a mesma fonte.
“Estes resultados são interessantes, porque nos revelam algumas possíveis razões por detrás desta discrepância, entre o que enquanto consumidor acreditamos e fazemos'', sublinha refere Madalena Rugeroni, Country Manager da Too Good To Go Portugal e Espanha
“Em primeiro lugar, o desperdício alimentar doméstico não é algo que acontece intencionalmente; ele é resultado de pequenos comportamentos, aparentemente insignificantes, que todos deveríamos ter mais atenção e todos podemos melhorar”, acrescenta a mesma responsável.
“Em segundo lugar, todos nós, individualmente, precisamos do apoio das empresas e do governo por forma a fazermos escolhas mais informadas e sermos mais ágeis e rápidos a atuar. Quando, por exemplo, os produtores de alimentos a nível mundial estiverem a tornar a rotulagem de datas de validade dos produtos mais clara e os governos estiverem a incluir metas concretas de redução do desperdício de alimentos, nos seus planos de redução de carbono, então começaremos a reconhecer o problema e seremos capazes de fazer mudanças com escala”, diz Rugeroni.
A Too Good To Go, trabalha com pequeno e grande retalho, restauração, hotelaria, assim como produtores e distribuidores de alimentos em todo o mundo, fornecendo-lhes uma ferramenta para resolver um problema real e global. Através da aplicação, qualquer tipo de negócio da área alimentar, independentemente da sua dimensão, pode canalizar o seu excedente alimentar para um novo marketplace, que mundialmente já conta com quase 45 milhões de utilizadores (900 mil em Portugal). Utilizadores que têm a oportunidade de salvar esse excedente, a preços reduzidos, e evitar o seu desperdício. Uma comunidade de consumidores com especial interesse e vontade em adotar novos comportamentos de consumo, mais conscientes e com menos impacto no ambiente.
“Com o desperdício de alimentos a ser responsável pela emissão de já 10% de todos os gases GEE, todas as quantidades de alimentos que podemos salvar, contam, por mais reduzidas que sejam”, adianta a Too Good To Go.
Para mantermos o nosso planeta abaixo de um aumento da temperatura global de 2ºC até 2100, teremos que reduzir o desperdício alimentar em 50% até 2050.
“Quando os resíduos alimentares são enviados para decompor em aterros, esse processo de decomposição emite metano, um GEE dez vezes mais prejudicial do que o CO2. No entanto, quando cortamos a quantidade de metano que estamos a emitir, este extrai-se da atmosfera em questão de décadas, em vez de centenas de anos, como acontece com o CO2, o que significa que reduzir o desperdício de alimentos é crucial para conseguirmos desacelerar o aquecimento global”, conclui a Too Good To Go.
A Too Good To Go é uma empresa com selo B Corp. Um negócio que tem como missão o combate ao desperdício alimentar, motivando e incentivando a uma nova forma de consumo - mais consciente. Em 2016 esta missão materializa-se numa aplicação que permite a estabelecimentos (restaurantes, hotéis, supermercados, mercearias, pastelarias, produtores, entre outros) vender os seus excedentes alimentares, no final de cada turno, a potenciais clientes. Atualmente, a empresa está presente em 16 países e conta com cerca de 42 milhões de utilizadores que já salvaram 86 milhões de refeições de estabelecimentos parceiros. Em Portugal a aplicação, que chegou ao mercado no final de outubro de 2019, já conta com mais de 900 mil utilizadores e cerca de três mil parceiros.
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