Os cálculos quanto ao consumo dos recursos existentes no planeta são feitos todos os anos pela organização internacional “Global Footprint Network”, organização com a qual a portuguesa Z tem vindo a trabalhar no que respeita ao cálculo da pegada ecológica de municípios em Portugal.
A partir de quinta-feira torna-se necessário usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de janeiro de 2022.
“Quando faltam mais de cinco meses para o final do ano, em 29 de julho teremos esgotado o orçamento planetário de recursos biológicos para 2021. Se tivéssemos necessidade de uma lembrança da emergência climática a ecológica com que estamos confrontados, o Dia da Sobrecarga da Terra encarrega-se disso”, indicou, em comunicado, Susan Aitken, dirigente política em Glasgow, cidade que vai acolher a 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção Quadro da Organização das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), em novembro.
Este índice tem o objetivo de ilustrar o consumo cada vez maior de uma população humana em expansão num planeta limitado.
Para o dizer de forma figurada, este ano seriam necessárias 1,7 Terras para satisfazer as necessidades da população mundial.
Em 2020, este mesmo dia foi assinalado a 22 de agosto, em resultado da paragem brusca a nível mundial devido à pandemia, que conduziu a uma redução muito significativa da atividade económica em praticamente todo o planeta.
Este ano, segundo um comunicado da Zero, verifica-se o expectável: na ausência de medidas estruturais que promovam um novo paradigma de desenvolvimento, a Humanidade voltou à sua tendência para acionar o cartão de crédito ambiental cada vez mais cedo, tendência apenas interrompida em 2020 devido a fatores conjunturais.
O dia da sobrecarga do planeta em 2021 é igual ao de 2019 - 29 de julho, o que para a associação revela um claro alinhamento com a preocupante tendência dos últimos anos.
Por essa razão a Zero considera urgente a tomada de consciência para a necessidade de alterar o paradigma de desenvolvimento no sentido de promover uma economia do bem-estar, que garante qualidade de vida para todos dentro do respeito pelos limites do planeta.
Uma das medidas para atrasar esta tendência, defende, é a redução da pegada de carbono em 50% que permitiria acionar o cartão de crédito ambiental 93 dias mais tarde (início de novembro).
Por outro lado, se for também reduzida a pegada ligada à mobilidade em 50% e se um terço dos quilómetros forem substituídos por transporte público e os restantes pela bicicleta e andar a pé, o cartão de crédito ambiental será acionado 13 dias depois (para a segunda semana de agosto).
A Zero alerta ainda que é possível também adiar este momento se o planeta reduzir o consumo de carne em 50%, substituindo essas calorias por uma alimentação vegetariana.
Neste caso o cartão de crédito seria acionado 17 dias depois (meados de agosto), com 10 desses dias a resultarem das emissões de metano evitadas.
Já uma aposta na redução do desperdício alimentar para metade permitiria atrasar o Dia da Sobrecarga do Planeta em 13 dias (para a segunda semana de agosto).
A data é calculada através do cruzamento da pegada ecológica das atividades humanas (as superfícies terrestre e marítima necessárias para produzir os recursos consumidos e para absorver os resíduos da população) e a “biocapacidade” da Terra (capacidade dos ecossistemas de se regenerarem e absorverem os resíduos produzidos pelo Homem, como a sequestração do dióxido de carbono).
A “sobrecarga” ocorre quando a pressão humana excede a capacidade de regeneração dos ecossistemas naturais. A situação não para de se deteriorar, segundo a ONG, desde há 50 anos: 29 de dezembro em 1970, 04 de novembro em 1980, 11 de outubro em 1990, 23 de setembro em 2000 e 07 de agosto em 2010.
A Zero explica que tal como um extrato bancário dá indicação das despesas e dos rendimentos, a Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).
A Pegada Ecológica mede o uso de terra cultivada, florestas, pastagens e áreas de pesca para o fornecimento de recursos e absorção de resíduos (dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis).
A biocapacidade mede a quantidade de área biologicamente produtiva disponível para regenerar esses recursos e serviços.
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