
Comemorar o Dia Internacional da Mulher significa relembrar todas as mulheres que lutaram pelos seus direitos, pelo direito a terem os mesmos direitos que os homens em sociedades que são desiguais e que sistematicamente põem em causa a dignidade das mulheres simplesmente porque o são.
Lembremo-nos, então, das mulheres que lutaram por uma sociedade mais justa, que não se resignaram à condição que lhes quiseram impor e que ergueram a sua voz. Pensemos nas que lutaram por mais e melhores condições laborais, nas que lutaram pela igualdade salarial, mais e melhores direitos aquando da maternidade.
Mas lembremo-nos também daquelas que, vítimas do preconceito e da dominância do papel do homem na sociedade foram e são vítimas de crimes. Muitas, já partiram. Lembrá-las significa não tomar essa realidade como algo adquirido, banal, que faz parte da nossa vida em sociedade.
Urge pensar em que sociedade vivemos e onde queremos viver!
A lembrança tem de se traduzir no combate à indiferença perante as desigualdades e consequente cometimento de crimes praticados contras as mulheres por questões de género. A violência doméstica é uma grave violação dos Direitos Humanos, na esmagadora maioria das vezes praticada contra as mulheres, que, na atualidade, representa o crime mais participado em Portugal e é também o que mais mata. Sabemos que as vítimas dos homicídios praticados em contexto de relações de intimidade são mulheres.
É, por isso, fundamental reforçar a necessidade do compromisso da sociedade pela promoção e defesa do princípio da igualdade entre mulheres e homens. Precisamos de um investimento na educação para a cidadania, capaz de transmitir os valores fundamentais da igualdade e não discriminação, da dignidade da pessoa humana, o direito à integridade pessoal, resolução não violenta de conflitos o significado da violência doméstica e violência sexual, entre outros. Falamos de Direitos Humanos que têm de ser assegurados, e não de uma moda.
Um artigo de opinião da Advogada Ana Leonor Marciano, especialista em Direitos Humanos, violência de género, violência doméstica, Direitos das crianças.
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