Quais os Benefícios Fiscais dos PPR?

Os PPR têm associados dois benefícios fiscais, um à entrada e o outro na tributação dos lucros (ou mais-valias). Para o caso deste artigo, focamo-nos no benefício à entrada, que consiste na possibilidade de deduzir à coleta de impostos um valor, que depende da entrega e da idade. Na prática, pode deduzir 20% dos montantes entregues, com os seguintes limites:

  • Até 30 anos – Limite de 400€;
  • 35 a 50 anos – Limite de 375€;
  • Mais de 50 anos – Limite de 300€.

Tenha em mente que este benefício é atribuído para reduzir a liquidez do seu PPR. Ou seja, se tiver acesso ao benefício não pode movimentar o dinheiro quando lhe apetecer, existindo regras específicas para tal.

Porque não ver para lá do benefício fiscal?

O tema do benefício fiscal costuma ser o único argumento para a distribuição destes produtos, especialmente se nos aproximamos do final do ano. A ideia de marketing é usar o efeito de urgência, porque se está a aproximar o prazo limite. Infelizmente, com isso escondem-se outros argumentos que aconselham alguma prudência. Assim, sugerimos que atente nos seguintes fatores para a escolha do seu PPR:

Credibilidade da Gestão

A credibilidade da gestão é fundamental, pois temos de confiar na sociedade gestora e na equipa de gestão. Para o efeito, deverá analisar a solidez do banco e da sociedade gestora, tendo em consideração eventuais conflitos de interesse (por exemplo, o banco vender apenas a solução da sua gestora). Por outro lado, deve tentar perceber se a equipa de gestão mudou recentemente e se tem apresentado bons resultados.

Desempenho histórico da gestão

Os bons resultados que referimos são visíveis no desempenho do PPR. Na prática, deve analisar a relação entre o retorno que o fundo obteve nos últimos anos (procure um prazo alargado, por exemplo 5 e 10 anos) e o risco que correu. É importante que compare o que é comparável, o mesmo será dizer olhar para o desempenho comparando com PPR com o mesmo nível de risco.

Nível de risco

O nível de risco dos PPR é agrupado em 2:

  • Capital e taxa garantida – Produtos sem risco de capital e sem surpresas ao nível do retorno anual. A taxa anual é, tipicamente, definida no início do ano e é fixa, normalmente abaixo da taxa de inflação, o que garante que perde poder de compra. Assemelham-se a depósitos a prazo;
  • Sem garantia de capital e de taxa – Produtos com risco de mercado e que visam proporcionar um ganho de poder de compra, deixando o investidor exposto a perdas.

Diz a estatística que maior risco costuma estar associado a maiores níveis de retorno. Para saber o risco, analise a exposição do fundo PPR ao investimento em ações e escolha um produto que se adeque ao seu perfil de risco.

Estude as comissões

Existem políticas de comissões muito diferentes entre as várias sociedades gestoras. Assim, sugerimos que atente à comissão de subscrição, comissão de gestão e comissão de resgate. Tenha em mente que na comissão de subscrição o capital é-lhe logo retirado no início, a comissão de gestão é diluída no valor do fundo (não é visível “a olho nu”) e a comissão de resgate existe tipicamente nos primeiros anos.

É fundamental que analise o retorno do investimento líquido destas comissões. Tenha em mente que quanto maiores forem as comissões, menor será o dinheiro que fica no seu bolso. Assim, evite soluções que cobrem comissões de subscrição e de resgate.

Haverá melhores soluções?

Quando analisamos PPR acabamos a focar a nossa análise apenas nos PPR, o que enviesa muito a nossa decisão. Será como não termos alternativas, quando existem várias.

Tenha em mente que uma das críticas que é feita, muitas vezes e com razão, é a baixa taxa de retorno da maioria dos fundos. É verdade. A maioria dos fundos tem taxas de retorno muito baixas, servindo apenas para a sociedade gestora ou o banco obter um retorno pelo dinheiro investido. Dito isto, existem bons fundos PPR e deve fazer uma escolha cuidadosa, tendo em mente que 1% pode parecer pouco mas em prazos largos a diferença pode ser gigante.

Se não precisa do dinheiro no curto prazo, os PPR podem (ou não) ser boas soluções. Se precisar do dinheiro antes, pode à mesma investir mas não colocar o PPR no seu IRS. Em ambos os casos, sugerimos que compare estes produtos com soluções alternativas. Assim, no caso dos produtos sem risco, pode consultar os certificados de aforro ou os depósitos a prazo (sim, alguns são melhores que os PPR). Se quer mais retorno, pode analisar fundos de investimento. Saiba que pode fazer sentido subscrever PPR mas que podemos ter soluções mais interessantes!