Nos catálogos de algumas das editoras nacionais, a assinalar, no que respeita aos autores, os suspeitos do costume, como os veteranos Stephen King, John Grisham ou Jeffrey Archer, no que toca à ficção; mas também algumas surpresas como a incursão do antigo presidente norte-americano, Bill Clinton pelo território da intriga política e policial. Ainda na ficção, o regresso, 20 anos após o Nobel da Literatura, de José Saramago, num inédito entre os seus cadernos de viagem.

Um calendário de lançamentos que inclui regressos sempre esperados como o de Gonçalo M. Tavares, nas letras nacionais e, no contexto internacional, o da italiana Steva Casati Modignani e da canadiana Margaret Atwood.

Reencontro, ainda, no que respeita à língua de Camões, com o sempre eterno Aquilino Ribeiro.

Novidades que, na não ficção, nos vão entregar em mãos peças do historiador Antony Beevor, de Robert M. Sapolsky e um colossal trabalho do historiador e professor Paulo Pereira.

Caso a caso, vamos olhar de perto cada um dos títulos que selecionámos.

José Saramago e o seu Caderno inédito

Vinte anos após ter recebido o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, José Saramago e a sua obra são, este 2018, homenageados pela Porto Editora. Nos escaparates vamos encontrar o “Último Caderno de Lanzarote”, um inédito, descoberto por um investigador estrangeiro no decurso de um trabalho sobre a obra do autor português.

“Duas razões me levaram mais ou menos conscientemente, a escrever um diário: em primeiro lugar, a circunstância de ter saído do meu país de origem para viver nesta ilha distante; em segundo lugar, a necessidade, que nunca experimentara antes, de “reter “ o tempo, de o obrigar, por assim dizer, a deixar o maior número possível de sinais da sua passagem”, dizia Saramago a propósito destes seus cadernos.

Neste, o último, encontramos o homem e o turbilhão da sua vida depois do Nobel.

Ainda de José Saramago, a Porto Editora, finda o ciclo de publicação de toda a obra do escritor. Isto com o lançamento em setembro de dois títulos: “In Nomine Dei” e “Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido”.

José Saramago
José Saramago

Richard Zimler e os ecos do Holocausto

Autor norte-americano há muito radicado em Portugal, Richard Zimler volta à escrita com “Os Dez Espelhos de Benjamim Zarco”, uma edição da Porto Editora. O autor que desde 1990 vive no nosso país traz-se a história de Benjamim Zarco e o seu primo Shelly. Ambos sobreviveram ao Holocausto. Os únicos da sua família. A narrativa vai de 1944 até aos nossos dias e à chave, inscrita num manuscrito, para compreender a razão da sobrevivência dos dois às atrocidades da Guerra.

Richard Zimler
Richard Zimler créditos: @Richard Zimler

Gonçalo M. Tavares e os meninos perdidos na floresta

Nasceu em 1970, publicou o seu primeiro livro em 2001 e não mais parou. Tem livros publicados em mais de 50 países e junta prémios nacionais e internacionais. Em outubro está de novo em diálogo com os seus leitores com “Cinco Meninos, Cinco Ratos” (Bertrand Editora), coleção de contos numa narrativa mitológica. No meio da floresta, cinco meninos perdidos. Ou quatro. Porque a mais pequena das irmãs se perdeu dos que já estavam perdidos. Há um comboio que não gosta de humanos e um homem que não consegue deixar de ter a boca aberta diante do mundo. Há muito mais, naturalmente.

cinco meninos cinco ratos
cinco meninos cinco ratos

Sveva Casati Modignani e mais um retrato italiano

Um dos mais reconhecidos nomes da literatura italiana contemporânea, Sveva Casati Modignani, traz-nos em outubro novas razões para a lermos. “Como Estrelas Cadentes”, uma edição da Porto Editora, apresenta-nos uma inesquecível personagem feminina, Rosa e uma história estendida ao longo de um século. Um romance violento e romântico, onde não falta a criação de um império industrial, incesto, moda e segredos inconfessáveis.

Sveva Casati Modignani
Sveva Casati Modignani

Jojo Moyes e um coração dividido

Jojo Moyes comoveu o mundo com o seu livro “Viver Depois de Ti”, um sucesso de vendas em 44 países, 12 exemplares vendidos e uma adaptação ao cinema. Agora, no final de 2018, a antiga jornalista volta ao convívio com os leitores portugueses e apresenta-nos “O Meu Coração Entre Dois Mundos”, da Porto Editora Um argumento que nos apresenta, de novo, Lou Clark, determinada a vingar em Nova Iorque.  Ai conhece Joshua Ryan, um homem que lhe traz recordações do passado. E é nesse passado que residem os fantasmas.

Jojo Moyes
Jojo Moyes Capa da edição norte-americana.

Belén Ruiz de Gopegui e aquela que é a história de muitos de nós

Também até ao final do ano teremos a oportunidade de embrenhar leitura no livro de Belén Ruiz de Gopegui, madrileno, nascido em 1963. “Fica Comigo Este Dia e Esta Noite” (Bertrand Editora) é uma critica feroz aos nossos tempos. Um diálogo e relação entre dois personagens, Mateo e Olga, separados na idade perto de 40 anos. Uma história de amor? Não, antes uma candidatura de emprego e a vontade de resistir por parte de duas pessoas separadas gerações e na hierarquia social.

Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano
Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano créditos: @Ara.Cat

Tara Westover e uma vida que deu um livro

Autora que se tornou um êxito literário em 2018 é a estreante Tara Westover, norte-americana que, ao primeiro livro agitou as sombras da indiferença e que transpõe para as páginas de “Uma Educação”, muito do seu perfil biográfico. Nasceu no estado do Idaho (hoje vive no Reino Unido), nunca frequentou a escola na infância e adolescência, filha de um pai que se opunha à educação pública. Trabalhou num ferro-velho e só aos 17 anos entra numa sala de aulas. Em 2009 licenciou-se pela Trinity College, em Cambridge. Em 2010 foi professora convidada pela Universidade de Harvard. Esta história dava um livro, apetece dizer. E deu mesmo, com a chancela da Bertrand Editora, a chegar aos escaparates em setembro.

Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano
Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano

Margaret Atwood e um mistério chamado Grace

Ainda no feminino, a canadiana Margaret Atwood, traz-nos uma história de sexo, crime e mistério em torno do percurso de vidas de uma das mulheres mais célebres e enigmáticas do seu tempo. Grace Marks é condenada em 1843 pelo envolvimento no brutal homicídio do patrão e da sua governanta. Uns dizem-ma inocente, outros afirmam-na culpada. Esta dado o enredo para “Chamavam-lhe Grace” (edição Bertrand Editora), obra adaptada a série pelo canal NetFlix. Margaret Atwood autora que levou tempo a cativar os gostos nacionais, tem mais de 40 títulos publicados da ficção à poesia e ensaio.

Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano
Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano

Stephen Kink, traz-nos a Coisa

Não é mistério e suspense, é terror puro e duro. Sabe-o quem assistiu a “It”, filme realizado por Andy Muschietti, baseado no livro do mestre dos pesadelos, o norte-americano Stephen King. Com a chancela da Bertrand Editora vai chegar aos escaparates a tempo do Natal, “A Coisa” (Bertrand Editora), obra que muitos críticos consideram o melhor livro de King. Um clássico que aborda a história de sete adultos que regressam ao lugar onde cresceram para enfrentar um pesadelo que todos eles já viveram, algo maléfico e sem nome: a Coisa.

Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano
Do inédito de Saramago ao policial de Bill Clinton, 20 livros a não perder até ao fim do ano

Jeffrey Archer e o destino nas faces de uma moeda

Jeffrey Archer entra na categoria de autor que quase dispensa apresentações. Um grande contador de histórias e um sucesso em várias frentes: 250 milhões de livros vendidos, tradução em mais de 90 países e 37 línguas. Em 2018, o autor que vive em Londres, vai acrescentar uns pozinhos a estes números. Lançou “Cara ou Coroa”, livro onde nos traça a história de Alexander Karpenko que, nos idos de 1968, nas docas da sua Leninegrado, na Rússia, tem de tomar uma decisão: embarcar, em fuga, com a sua mãe rumo à Grã-Bretanha ou à América. Moeda ao ar e a sorte é lançada…Um lançamento Bertrand Editora.

novos livros
novos livros créditos: @Jeffrey Archer

John Grisham e uma teia de burlões

É sabido, todos os anos John Grisham escreve um grande thriller jurídico. Dois mil e dezoito não foge à tradição e os leitores deste norte-americano, nascido no Arkansas, podem contar com “A Fraude” (Bertrand Editora). Intriga que envolve três jovens universitários envolvidos na teia de uma faculdade privada de Direito medíocre, associada a uma obscura rede de burlas. Mark, Todd e Zola denunciam a instituição de ensino ou terminam o curso? A ficção persegue a realidade, ou antes o contrário.

John Grisham
John Grisham créditos: @Bob Krasner

Bill Clinton e a arte de se tornar um autor de thrillers

Um dos livros sensação na temporada norte-americana é o que verterá em breve para os escaparates nacionais e que assinala uma dupla improvável nas artes da escrita de intriga política. James Patterson, autor de thrillers, chamou para o seu mais recente livro, “The President is Missing”, um peso-pesado da política americana, Bill Clinton, antigo Presidente norte-americano. Um título que por cá ainda afina o título e que, até ao Natal, nos trará, com a chancela da Porto Editora, um enredo de traição dentro do gabinete do presidente na mesma altura em que a América enfrenta ameaças externas. A ficção gosta de perseguir a realidade.

the president is missing
the president is missing Capa da edição norte-americana.

Aquilino Ribeiro, aquela força telúrica

Nas letras nacionais, e no âmbito da reedição, por parte da Bertrand Editora, das obras completas de Aquilino Ribeiro, autor Beirão nascido em 1885, chega-nos às mãos “O Homem que Matou o Diabo”. Numa visita furtuita à Serra, em busca de inspiração, Macário conhece Máxima, atriz que o encanta e o desafia a visitá-la em Paris para esculpir o seu busto. Uma viagem repleta de peripécias, uma aguarela de Portugal e Espanha. Chegado à capital francesa Macário cedo perceberá que o que parece nem sempre o é.

Aquilino Ribeiro
Aquilino Ribeiro

Melanie Joy e a crueldade da indústria pecuária

Baseado em 20 anos de investigação sobre a psicologia dos nossos hábitos alimentares é-nos dado à leitra “Porque Gostamos de Cães, Comemos Porcos e Vestimos Vacas”, de Melanie Joy. Um livro que nos traz um mundo de atrocidades, a da indústria alimentar. No livro a autora norte-americana, explora a realidade da indústria pecuária, expondo a crueldade com que os animais são tratados, o impacto que essa crueldade tem nos próprios trabalhadores e as repercussões dessa industria no meio ambiente. Melanie cunhou o termo “carnismo” para se referir às razões culturais que condicionam o consumo ocidental de carne. O livro traz a chancela da Bertrand Editora.

Melanie Joy e a crueldade da indústria pecuária
Melanie Joy e a crueldade da indústria pecuária

Antony Beevor e um desastre para a história

Ainda na não ficção uma obra monumental do historiador Antony Beevor. “Arnhem: A Batalha Pelas Pontes” traça-nos um relato cirúrgico, sem nunca perder a dimensão humana, da operação “Market Garden”, um plano ambicioso do Marechal de Campo Montgomery, com vista a pôr um ponto final na Segunda Guerra Mundial, pela captura das pontes que conduziam ao Baixo Reno e à Alemanha. Um plano tão ambicioso que os americanos, habituados à prudência do oficial, estranharam. Uma operação que se revelou um desastre. Beevor explica porquê, nesta obra lançada pela Bertrand Editora.

Paulo Pereira e um casamento nem sempre fácil, Arte e Ciência

Arte e Ciência, em quatro volumes e um lançamento do Círculo de Leitores, nasce com o convite do historiador, professor e autor, Paulo Pereira, para descobrirmos em obras de arte ligadas ao contexto português (da Idade Média ao século XVIII) momentos de interação entre a arte e a ciência. Nos quatro volumes (“A Criação Divina do Homem”, “Os 4 Elementos – O Corpo”, “Equações da Arte”, “A Descrição do Cosmos”) encontramos casos de convergência entre ambos os domínios, como, por exemplo, situações em que a ciência contribuiu para o aperfeiçoamento da arte, ou exemplos da utilização da arte para transmitir conteúdos científicos. Lançamento entre setembro e novembro.

paulo pereira
paulo pereira

Erling Kagge e a arte de caminhar também interiormente

Erling Kagge nasceu em 1963 e é um dos grandes aventureiros e exploradores do nosso tempo. É a primeira pessoa a atingir sozinha, a pé, o Pólo Sul. Fê-lo atravessando a Antártida. Foi advogado, estudou filosofia em Cambridge e escreveu um livro marcante, “Silêncio”, um bem precioso neste século XXI. Agora, Kagge, traz-nos “A Arte de Caminhar, um Passo de Cada Vez” (edição Quetzal), onde explora o conceito de caminhada, relacionando-a com a busca do silêncio, o conhecimento interior e a experiência do tempo. “Caminhar tornou possível que nos tornássemos no que somos”, diz-nos Erling.

caminhar
caminhar

Cornelia Topf e o boicote das mulheres a elas mesmas

“Liderança Para Mulheres”, de Cornelia Topf  (edição Gestão Plus), parte de uma pergunta: “As mulheres estão em maioria na força de trabalho – mas numa marcada minoria nas posições de liderança. O que explica esta clivagem?”. Para Cornelia, coach profissional alemã, o que impede uma mulher de conseguir uma posição de topo na sua carreira, é ela mesmo. Isto porque, de acordo com a autora, “as mulheres têm muitas vezes uma relação complicada com a ideia de exercer o poder”. Em consequência, boicotam-se a si mesmas. Como, então, fazerem a sua promoção? Através de uma estratégia simples enunciada neste livro. Com lançamento em outubro.

mulheres
mulheres

Jamie Oliver e o amor a Itália

É sabida a afeição que o mediático chefe de cozinha, Jamie Oliver nutre pela cozinha transalpina. Ela é a protagonista do lançamento em novembro do mais recente título do chefe britânico, “Jamie e a Cozinha Italiana”. O cozinheiro viajou pelo país do sul da Europa à procura dos segredos da cozinha que o apaixona há mais de 25 anos. Partilha-o em 130 receitas simples e intemporais. Há receitas que seguem a preceito o saber das Mammas, a matriarcas que mantêm a integridade dos comeres italianos. Há receitas adaptadas por Jamie.

jamie oliver
jamie oliver créditos: SamRobinsonPhotographyLtd

Jo Pratt e o vegetarianismo em part-time

Também à mesa, Jo Pratt, chefe de cozinha e food stylist, autora de vários livros premiados, traz-nos um título para vegetarianos em part-time. Têm um nome, flexitarianos. Não, não se trata de uma comunidade alienígena em modo Star Trek. São antes humanos que, não tendo eliminado por completo a carne e o peixe e os produtos de origem animal das suas dietas, os consomem cada vez menos e começam a descobrir o mundo da alimentação vegetariana. O livro chama-se, muito propriamente, “Vegetariano em Part-Time”. Uma edição da ArtePlural que chegará às livrarias em novembro.