"Pensa fora da caixa" está muito visto, banalizou-se. A expressão perde a sua coerência de grande sabedoria no simples facto de as pessoas, por regra, pensarem "fora da caixa". Pensar é fácil, quase tão fácil como sentarmo-nos a sonhar; o complicado mesmo é existir. EXISTIR FORA DA CAIXA. Como é que isso se faz, afinal? E, muito importante, o que é a caixa? É uma vida monótona e sem grande sentido? É o nosso corpo? São os grilhões que aceitamos que nos prendam?
Tentando colocar as coisas de uma maneira tão simples como sempre, vou partir do princípio que pensar fora da caixa é ver mais além, é sonhar e perceber que existe mais, muito mais, para lá daquilo que nos rodeia. E existir fora da caixa? A resposta parece-me óbvia e, embora possa parecer paradoxal, faz sentido. Existir fora da caixa é existir no plano da própria essência, do que há de mais intrínseco em nós. É existir para o encontro profundo connosco e com todo o "grande desconhecido" que em nós se encerra. Existir fora da caixa é seguir instintos e impulsos; é deitar a língua de fora aos medos e rir de quem goza com a nossa "inconsciência". Existir fora da caixa é conseguir encarar cada dia como uma aventura incrível; é deixar marcas nos outros de tanto deixar que eles nos toquem; é ver para lá do visível e dizer para além do dizível; é sentir o nosso divino interior numa sintonia universal.
Pensar fora da caixa, sim, mas saindo dela de facto...
Ana Amorim Dias
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