Confessa que já teve vontade de acabar com a própria vida mas o namorado não se cansa de lhe dizer que continua linda. Alma Torres, 24 anos, viu a cara encher-se de pelos no seguimento de problemas hormonais. Diagnosticada com síndrome do ovário poliquístico quando tinha apenas 16, passou os últimos anos a habituar-se à nova condição, que também a fez ganhar peso e está na origem dos problemas de infertilidade que tem.
Nos primeiros tempos, para esconder os pelos da face, a fotógrafa, residente em Nova Iorque, nos EUA, barbeava-se todos os dias. A dada altura, resolveu assumir o problema, apresentando-se em público de barba, com o apoio do namorado, Taylor, 22 anos, com quem namora desde 2012 e que a apoiou desde o início. Foi ele que a ensinou a usar a gilete e que a compreendeu nos momentos mais difíceis.
«Ele acha que ela é linda e compreende que [o que lhe está a acontecer] é natural», afirmou já publicamente fonte do próxima do casal. Residente no Bronx, um dos bairros mais problemáticos da cidade, Alma Torres já perdeu a conta às vezes que lhe chamaram «feia» ou proferiram frases como «Vai mas é depilar-te!». «Algumas pessoas disseram mesmo que eu me devia matar», desabafa a fotógrafa.
«Cancro» foi outro dos nomes que lhe dirigiram. «A maior parte das pessoas não faz comentários à minha frente mas leio muitos na internet. E também já apanhei gente na rua a tentar tirar-me fotografias e a rir-se muito. Mas hoje, para mim, isso não é problema. Já não ligo», garante. Para combater o estigma a que muitas pessoas com doenças são sujeitas socialmente, resolveu assumir-se como é, dando a cara em jeito de alerta.
«Toda a gente tem as suas inseguranças e, quando as pessoas não se sentem bem consigo próprias, tentam magoar os outros só para se sentirem melhor», critica. «Ter deixado crescer a barba [em agosto de 2016] fez de mim uma pessoa melhor. Hoje, sinto-me mais confiante e encorajo outras pessoas a sentir-se melhor com elas próprias. «Ela continua linda. Não são os pelos na cara que a definem», afirma o companheiro.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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