A sustentabilidade tem sido uma palavra-chave no setor agroalimentar, mas, no vosso caso, parece ir além da tendência e estar enraizada na cultura da Vitacress desde sempre. Como é que este compromisso começou e de que forma evoluiu ao longo dos anos?

Na Vitacress, a sustentabilidade não surgiu como resposta a uma tendência — faz parte da nossa identidade desde o primeiro dia. Estamos presentes em Portugal desde 1981 e sediados no Sudoeste Alentejano, uma região onde a natureza dita o ritmo: o sol, a brisa atlântica e a humidade equilibrada criam as condições ideais para uma agricultura que respeita o ciclo da terra e valoriza os recursos naturais.

Foi neste contexto que a nossa relação com a sustentabilidade ganhou raízes, muito antes do lançamento da nossa marca própria, em 2003. Desde então, este compromisso evoluiu de forma estruturada, com práticas agrícolas cada vez mais responsáveis — mais de 90% da nossa produção é feita ao ar livre, promovendo a biodiversidade e a saúde dos solos. Paralelamente, desenvolvemos produção certificada em modo biológico, refletindo o nosso empenho em responder a diferentes perfis de consumo consciente.

Aliamos experiência a inovação para melhorar continuamente os nossos processos e garantir os mais elevados padrões de qualidade, segurança alimentar e respeito ambiental — reconhecidos por certificações independentes e exigentes como Global G.A.P. Plus, GRASP, SMETA, Nurture, LEAF, Certificação Biológica (PT-BIO-02) e BRC AA.

Hoje, esse compromisso está formalizado no programa Second Nature, que organiza a nossa estratégia de sustentabilidade em pilares concretos e orientadores, guiando as nossas decisões com foco na regeneração da natureza, na eficiência operacional e na responsabilidade social.

Mais do que cumprir metas, queremos continuar a liderar a transformação do setor — com ação, transparência e impacto real. Porque para nós, ser sustentável não é um projeto pontual, é a forma como escolhemos produzir, crescer e estar no mundo. E é também a forma como honramos o nosso propósito: sermos um parceiro de confiança.

Formalizaram esse compromisso através do programa Second Nature. Em que consiste exatamente este programa e qual é o seu principal objetivo?

O programa Second Nature, formalizado em 2023, reforça o compromisso da Vitacress com a sustentabilidade e a ambição da empresa em alcançar a neutralidade líquida de carbono até 2040 – 10 anos antes das metas europeias. O programa está dividido em seis pilares de atuação – que são, também, as áreas estratégicas em que trabalhamos diariamente, nomeadamente ao nível: da redução de emissões de CO2, do uso sustentável de água, da sustentabilidade dos solos, da promoção da biodiversidade, da redução do uso de plástico e da redução de desperdício – com um pilar transversal de promoção dos direitos humanos.

Este programa vem garantir a continuidade de uma operação responsável e de melhoria contínua, aportando boas práticas que melhorem a sustentabilidade da agricultura e da nossa operação, como um todo.

os principais desafios residem na complexidade da nossa cadeia de valor

Sobre alcançar a neutralidade líquida de carbono até 2040: quais é que acreditam que serão os principais desafios neste caminho?

De facto, a neutralidade carbónica é uma meta estratégica da Vitacress, integrada no compromisso global do programa Second Nature. O objetivo passa por reduzir progressivamente as emissões e alcançar a neutralidade líquida de carbono até 2040, com base em metas cientificamente validadas e ações concretas de descarbonização.

Desde 2021, o grupo Vitacress já alcançou uma redução de 8,9% nas suas emissões de CO₂, reflexo de uma estratégia de descarbonização progressiva. No entanto, os principais desafios residem na complexidade da nossa cadeia de valor, responsável por cerca de 66% das emissões — incluindo fornecedores, transporte e gestão de resíduos. Este cenário exige uma abordagem colaborativa, baseada em parcerias estratégicas e na mobilização de toda a cadeia para soluções de menor impacto. As emissões diretas, como o uso de combustíveis e transporte próprio (11%), bem como o consumo energético (23%), estão a ser endereçadas através de medidas concretas de mitigação, com metas de redução baseadas na ciência e validadas por entidades independentes de referência internacional. Trata-se de um compromisso contínuo, que combina rigor técnico com uma visão integrada da sustentabilidade.

Em 2025, mais concretamente, iremos proceder à validação oficial dessas metas pela Science Based Targets initiative (SBTi) e iremos implementar um plano de descarbonização. Demos início à geração de energia renovável nas nossas instalações, através da montagem de 1.170 painéis fotovoltaicos nas unidades de produção que nos permitirá gerar localmente 31% da energia da fábrica e, assim, uma redução de 227 toneladas de CO2.

 E o que é que vos dá confiança de que esta meta é, de facto, alcançável dentro do prazo?

A nossa forma de operar dá-nos a confiança de que a meta da neutralidade carbónica poderá ser alcançável até 2040. Incorporamos a sustentabilidade desde a origem do processo produtivo — não é apenas um statement de marca, mas uma forma de estar, presente em cada etapa: desde o cultivo no campo até à entrega ao consumidor final.

Além disso, o facto de termos criado o programa Second Nature com uma estrutura assente em pilares estratégicos e metas concretas permite-nos traçar, de forma clara e mensurável, o caminho rumo à neutralidade líquida de carbono. Esta estrutura garante foco, monitorização contínua e ação integrada. A validação científica das nossas metas através da Science Based Targets initiative (SBTi) é também um marco importante: reforça o rigor técnico da nossa abordagem e assegura que estamos alinhados com as melhores práticas internacionais.

É esta combinação de visão, método e ação que nos dá a confiança de que a meta está ao nosso alcance e que continuaremos a liderar a transformação sustentável no setor agroalimentar.

A sustentabilidade também envolve quem está no terreno. Como é que mobilizam as vossas equipas internas e as comunidades locais nesta missão?

Mobilizamos as nossas equipas internas e as comunidades locais através de formação contínua em áreas-chave como a sustentabilidade dos solos, práticas agrícolas regenerativas e a redução de desperdício ao longo de toda a cadeia produtiva.

Mas vamos mais além: partilhamos os objetivos de sustentabilidade com todas as equipas — campo, fábrica, marketing, logística, qualidade — e acompanhamos regularmente a sua evolução, promovendo uma cultura de melhoria contínua e responsabilidade partilhada.

Este envolvimento ativo é essencial para garantir que todos os que fazem parte da Vitacress compreendem o impacto do seu trabalho e se sentem parte da transformação que queremos liderar.

O setor agrícola tem vindo a reinventar-se com o apoio da tecnologia. Que inovações estão a marcar a vossa abordagem sustentável?

A inovação, a par da sustentabilidade, está enraizada no nosso ADN e é um dos pilares que orienta a nossa atuação diária. Um dos exemplos da nossa abordagem tecnológica é a gestão eficiente da água, um recurso essencial para a nossa atividade e cada vez mais escasso. Esta gestão é uma prioridade estratégica na Vitacress, refletida no compromisso de minimizar o consumo hídrico por quilo de produto final, assegurando, em simultâneo, elevados padrões de segurança alimentar e o cumprimento rigoroso das licenças ambientais.

Nos últimos quatro anos, as inovações implementadas permitiram reduzir em 45% o consumo de água na produção das folhas baby, fruto de um investimento superior a 750 mil euros em sistemas mais eficientes de rega, gestão e armazenamento de água, bem como na construção de novos reservatórios e na recirculação da água proveniente dos campos de agrião de água. Paralelamente, estamos a desenvolver um projeto pioneiro que prevê a reutilização da água da fábrica — inicialmente usada na lavagem das folhas.

A inovação sustentável também se reflete no desenvolvimento de produtos. Um exemplo disso é a salada "Mix da Época", criada para dar resposta às flutuações naturais da agricultura e reduzir o desperdício alimentar. Esta mistura flexível aproveita os excedentes ocasionais das culturas, garantindo que nenhuma folha fique por colher e maximizando o aproveitamento da produção do campo. É uma solução que alia eficiência, circularidade e respeito pelo que a terra nos dá.

Como avaliam o impacto real das vossas ações? Partilham esses resultados com os consumidores e parceiros?

Na Vitacress, avaliamos o impacto das nossas ações com base em indicadores, alinhados com os compromissos do programa Second Nature. Estamos a reforçar essa abordagem com a submissão das nossas metas à Science Based Targets initiative (SBTi), um passo importante para garantir maior rigor metodológico e alinhamento com as melhores práticas internacionais.

Por fim, que mensagem gostariam de deixar a quem procura fazer escolhas mais conscientes e apoiar marcas com compromissos ambientais claros?

Fazer escolhas conscientes é um gesto com impacto. E o consumidor tem hoje, mais do que nunca, o poder de influenciar o futuro com aquilo que coloca no prato. Ao escolher marcas com compromissos ambientais claros, não está apenas a proteger os recursos do planeta: está também a cuidar da sua saúde, a apoiar práticas mais justas e a exigir transparência e qualidade naquilo que consome.

Na Vitacress, garantimos que cada folha reflete esse compromisso: cultivada com respeito pela natureza, colhida no tempo certo, embalada com responsabilidade e pronta a entregar sabor, frescura e conveniência. Ao escolher Vitacress, está a optar por uma marca nacional com mais de 20 anos de liderança, que alia inovação a um modelo de produção sustentável.