O número de infetados com SARS-CoV-2, o vírus na origem da pandemia de covid-19 que tem posto o mundo do avesso, já ultrapassa os 47.610 divulgados pelas autoridades espanholas no último relatório. O de mortos também é superior aos 3.434 registados. Espanha já supera a China em termos de número de vítimas mortais e, para tentar travar o surto, em vários locais do país estão a ser adotadas imposições que obriguem os habitantes a serem mais conscienciosos.

Proibir as compras inferiores a 30 €, definir horários para passear os cães e impedir o acesso às segundas habitações são algumas das medidas adicionais que têm vindo a ser ponderadas nalgumas regiões para obrigar os que estão a contornar as normas atualmente em vigor a ficar em casa, noticia o El País. Em Benaoján, em vez de fazerem as compras nas lojas da pequena localidade, muitos passaram a ir ao hipermercado de Ronda, a 16 quilómetros.

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"Em circunstâncias normais, não me posso meter nisso, mas agora sim", defende Soraya García, alcaidessa do município andaluz. As deslocações para fora foram interditas e as únicas exceções têm de ser justificadas com necessidades médicas. Para evitar as múltiplas idas diárias aos supermercados e às mercearias de Benaoján que se verificavam, os estabelecimentos só estão abertos entre as 07h00 e as 15h00. Em Herrera del Duque, a quase 400 quilómetros dali, o panorama era semelhante. "As pessoas vinham buscar pão, depois vinham comprar carne. Tive casos de clientes que, numa manhã, apareceram aqui três vezes", refere José María Romero, gerente da superfície comercial Carrefour Express.

A situação obrigou o alcaide local a impôr um montante mínimo de 30 € para as aquisições para travar essas idas. "Se um cliente só gastar 25 €, também não o vamos denunciar", ressalva, contudo, Saturnino Alcázar. Em Olivares, nos arredores de Sevilha, para manter os habitantes em casa, os passeios das mascotes foram reduzidos. Desde a passada segunda-feira, só podem ser feitos entre as 07h00 e as 11h00, as 14h00 e as 16h00 e 20h00 e as 23h00.

"Vi que outros lugares, como Los Palacios e Coria, na Estremadura, o tinham feito e decidi também adotar essa medida", confirma o alcaide Isidro Ramos, que tem mais de 2.000 canídeos registados na localidade andaluza. Em Navajas, um município que conta apenas com 716 habitantes, os que não residem lá de forma permanente estão impedidos de regressar às segundas habitações desde o dia 21 de março. Os que já lá estavam foram convidados a sair.

Alguns dos proprietários locais têm questionado a legalidade da proibição mas, mesmo assim, a alcaidessa de Navajas, Patricia Plantado, não tem facilitado. Desde a entrada em vigor do diploma legislativo que decreta o estado de emergência no território espanhol, no passado dia 14 de março, em apenas 10 dias as autoridades detiveram 926 pessoas e registaram mais de 102.000 casos de desobediência civil. Os incumpridores incorrem numa pena de prisão de quatro meses.