Por saber está ainda a origem exata do vírus, qual o hospedeiro (animal) e se houve ou não um hospedeiro intermediário. Também não é ainda clara a forma de transmissão entre humanos, o período exato em que essa transmissão se dá e a taxa de ataque do vírus. Ou seja, conhecer a epidemiologia da nova infeção - Quem, Como e Quando?

+++ O que são coronavírus? +++

Os coronavírus são uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias. Podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos. Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.

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O novo coronavírus é da mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (2002-2003) e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente (2012).

Estes dois tipos de coronavírus são até agora os que tiveram capacidade de atravessar a barreira das espécies e de se transmitir a humanos e que apresentam quadros de alguma gravidade, explicou à agência Lusa o pneumologista Filipe Froes.

Os primeiros casos de 2019-nCoV apareceram em meados de dezembro na cidade chinesa de Whuan, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral. Percebeu-se que todas as pessoas trabalhavam ou visitavam com frequência o mercado de marisco e carnes de Huanan, nessa mesma cidade. Ainda se desconhece a origem exata da infeção, mas terão sido animais infetados, que são comercializados vivos, a transmiti-la aos seres humanos.

Estes vírus transmitem-se geralmente pela via respiratória e afetam sobretudo o trato respiratório, especialmente os pulmões nas formas graves.

Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias. Nos casos confirmados inicialmente, 90% apresentaram febre, 80% tosse seca, 20% falta de ar e só cerca de 15% apresentaram dificuldade.

+++ O que é o novo coronavírus da China, com o nome 2019-nCoV? +++

Trata-se de um vírus da mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (que provocava pneumonias atípicas e atingiu o mundo em 2002-2003) e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente, em 2012.

Estes dois tipos de coronavírus são até agora os que tiveram capacidade de atravessar a barreira das espécies e de se transmitir a humanos e que apresentam quadros de alguma gravidade, explicou à agência Lusa o pneumologista Filipe Froes.

+++ Como surgiu o novo coronavírus? +++

Os primeiros casos apareceram em meados de dezembro na cidade chinesa de Whuan, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral. Percebeu-se que todas as pessoas trabalhavam ou visitavam com frequência o mercado de marisco e carnes de Huanan, nessa mesma cidade. Ainda se desconhece a origem exata da infeção, mas terão sido animais infetados, que são comercializados vivos, a transmiti-la aos seres humanos.

+++ Quais as pessoas mais afetadas? +++

Desconhece-se se o vírus afeta igualmente todo o tipo de pessoas, desde adultos ou crianças, doentes ou saudáveis, como sublinhou à agência Lusa o pneumologista Filipe Froes, nomeado representante da Ordem dos Médicos para as questões ligadas ao novo coronavírus (2019-nCoV).

As autoridades internacionais ainda não sabem também quem é que tem as formas mais graves da doença e quais as características dos mortos por este novo vírus.

O pneumologista Filipe Froes recorda que fora da China ainda não ocorreu nenhuma situação grave, apesar de todos os casos da doença serem importados.

+++ O vírus afeta crianças? E qual a sua expressão em idade pediátrica? +++

Há relato de um caso de um bebé de nove meses infetado por um dos pais, mas não se sabe ainda se o vírus tem afetado crianças do mesmo modo que afeta adultos.

+++ - Qual o período de transmissão? +++

O pneumologista Filipe Froes lembra que as autoridades chinesas alertaram que pode haver transmissão entre pessoas antes mesmo do início dos sintomas. Não se sabe se é uma exceção ou uma regra e quanto tempo antes de os sintomas se manifestarem pode a doença ser contagiosa. Também se ignora se, à semelhança do que aconteceu com o SARS (sigla inglesa para Síndrome Respiratória Aguda Grave), se há doentes com maior capacidade de contágio do que outros.

É igualmente desconhecido qual o maior período de transmissão e até quando ocorre.

+++ Que tratamentos existem? +++

Atualmente, os doentes estão a ser tratados com medidas de suporte, que apenas tratam os sintomas da doença, como febre ou dificuldade respiratória. Não há ainda um medicamento específico para este novo coronavírus.

Filipe Froes indica que haverá tratamentos experimentais em curso, mas ainda se desconhece qual a sua eficácia.

Segundo o especialista, estará já em desenvolvimento uma vacina, muito com base no trabalho que tinha sido feito para a pneumonia atípica de 2002/2003 - SARS. É ainda necessário aguardar por ensaios sobre a efetividade e segurança.

+++ Porque é que muitas destas infeções surgem na China? +++

O pneumologista Filipe Froes explica que na China existe ainda uma “proximidade e promiscuidade grande” entre animais e pessoas, com convivência muito próxima e com muitos locais a vender animais vivos para consumo humano.

No caso dos coronavírus, para o vírus passar a barreira da espécie, é necessária uma elevada carga viral e uma grande proximidade entre animais e pessoas.

+++ O que se sabe das formas de transmissão, contágio e sintomas? ++++

Inicialmente, as autoridades de saúde chegaram a pensar que não havia transmissão entre pessoas, até surgir o primeiro caso de transmissão entre marido e mulher. A Organização Mundial da Saúde já admitiu que há transmissão entre humanos, mas ainda não há evidência clara de que forma se transmite.

Filipe Froes esclarece que estes vírus se transmitem geralmente pela via respiratória e afetam sobretudo o trato respiratório, especialmente os pulmões nas formas graves.

O pneumologista e intensivista português entende que, habitualmente, estes vírus vão-se adaptando aos hospedeiros à medida que se transmite. Como tal, para garantirem a sua transmissibilidade tornam-se menos virulentos, sendo portanto menos agressivos. Ou seja, à medida que se aumenta a transmissão, também o vírus torna-se menos violento.

Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias. Nos casos confirmados inicialmente, 90% apresentaram febre, 80% tosse seca, 20% falta de ar e só cerca de 15% apresentaram dificuldade respiratória.

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+++ Qual o grau de mortalidade do novo coronavírus? +++

Segundo os dados atualmente disponíveis, a mortalidade do novo coronavírus situa-se nos 1,5%, mas as autoridades de saúde avisam que é necessário continuar a acompanhar a evolução da situação.

Contudo, até agora, o 2019-nCoV está a ser considerado menos agressivo nas suas consequências, quando comparado com a pneumonia atípica de 2002/2003, que tinha uma taxa de mortalidade em torno dos 10%.

O pneumologista Filipe Froes recorda que todas as infeções respiratórias, incluindo a gripe, podem provocar a morte, sobretudo em doentes com outras patologias associadas ou pessoas mais frágeis e idosas.

+ Qual a verdadeira taxa de ataque? +++

Apesar de diariamente crescer o número de infetados, ainda não se sabe verdadeiramente qual o alcance do vírus.

+++ Que medidas estão a ser tomadas internacionalmente? ++++

Há medidas básicas de higiene, como a lavagem e desinfeção das mãos e cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar, que são geralmente recomendadas pelas autoridades de saúde.

Nos países com voos diretos de e para a cidade de Whuan, onde o vírus foi detetado, estarão ou poderão começar a tomar medidas de precaução especial com os passageiros e voos.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde recomenda cuidados especiais a pessoas que se desloquem a Wuhan e ainda Pequim, Guangdong e Shanghai, como evitar contacto com pessoas doentes e com animais.