Ano novo, cores novas, sobretudo para quem cultiva flores como camélias, couves ornamentais, rosas, gardénias e amendoeiras. Para os jardineiros, profissionais ou amadores, é altura de preparação da chegada para a primavera. Neste período, despontam as folhas e as primeiras flores começam a nascer. Aparece nos jardins uma panóplia de cores, desde os tons de verde das folhas às diversas cores de flores.
Destacamos, de seguida, a beleza da rosa, da amendoeira, da camélia, da gardénia e da couve-de-jardim, cinco flores de inverno que nos fazem ansiar pela estação que marca o regresso do calor e também das andorinhas e de outras aves migratórias.
1. Camélia
Os botânicos chamam-lhe Camellia sp. mas também há quem a apelide de japoneira. Este arbusto de folhas persistentes tem origem no Japão, na Ásia Oriental e na Oceânia. Existem mais de 250 espécies. As suas características variam de umas para outras. Embora as folhas de cor verde-escura brilhante enfeitem o jardim durante todo o ano, é na época de floração que se destacam nos jardins.
As folhas desta pequena árvore podem ser brancas ou de diversos tons de cor de rosa. As flores de aspeto requintado podem chegar a medir mais de 13 centímetros. Conforme a variedade, a flor pode ser simples, semidobrada ou dobrada. As camélias podem florescer desde o outono até maio. Da família Theaceae, consoante a espécie, pode atingir entre um a 10 metros de altura.
A propagação da camélia é feita através de sementes, estacaria e alporquia. A época de plantação ocorre habitualmente entre outubro a abril. No que se refere às condições de cultivo, esta planta prefere solos ácidos e húmidos, desde que bem drenados. Em termos de manutenção e curiosidades, saiba que devem ser feitas podas de limpeza, para retirar os ramos secos ou doentes e para dar forma à planta.
Também são recomendadas podas de floração após o fim da floração, de forma a estimulá-la. Destacamos, aqui, a Camellia japonica, a espécie mais comum nos nossos jardins, e a Camellia sinensis, a espécie que dá origem ao chá. Dependendo das condições de cultivo e preparo das folhas pode dar origem a cinco tipos de chá, o branco, o preto, o verde, o vermelho e o oolong.
2. Couve-de-jardim
Brassica oleracea L. é o nome científico de uma couve-ornamental. Esta é uma herbácea originária da região do Mediterrâneo e Ásia Menor. Fácil de plantar, não exige grandes cuidados de manutenção. Cultivada devido à beleza das suas folhas, em especial no outono e no inverno, é muito usada em maciços. Apresenta um caule curto, folhas grandes e arredondadas, dispostas em roseta.
As mais externas são de cor verde-azulada e as do centro, brancas, róseas ou roxas, as cores são acentuadas pelo frio. Da família Brassicaceae, atinge uma altura entre os 0,25 e os 0,30 metros. A propagação é feita por semente e a época de plantação ocorre de fevereiro a junho. Em termos de condições de cultivo, prefere sol pleno ou meia-sombra.
O solo deve ser enriquecido com matéria orgânica, regado regularmente e bem drenado. Esta variedade botânica aprecia o frio e é resistente a geadas. Não é comestível, ao contrário de outras plantas, por apresentar folhas muito duras. Utilizada como planta ornamental, necessita de ser trocada em intervalos bienais ou anuais, pois perde a beleza com o tempo.
3. Gardénia
Gardenia jasminoides Ellis é o nome científico da gardénia-comum, um arbusto originário da China e da Japão. Caracteriza-se pela folhagem densa, perene e de cor verde-escura brilhante. Com época de floração de agosto a fevereiro, as flores são brancas e muito aromáticas. Pode ter porte arbustivo ou arbóreo. Da família Rubiaceae, pode atingir entre um a três metros de altura.
A propagação é feita por estaca. A época de plantação não está propriamente definida. Pode ser feita em qualquer altura do ano. Em termos de condições de cultivo, esta é uma espécie exigente, que precisa de cuidados especiais, tais como solos ácidos, muita água e luz, temperaturas frescas e humidade. Em termos de manutenção, precisa de rega abundante. Deve, contudo, dixar o solo secar entre as regas.
Se a terra estiver constantemente húmida, as raízes podem morrer, tal como a planta, consequentemente. Deve aplicar-se um fertilizante para plantas acidófilas enquanto a planta estiver a crescer; deve parar de utilizar-se quando a planta entra em dormência, no outono. Deve podar a gardénia quando estiver em período de repouso.
Remover folhas velhas e mortas, para incentivar o desabrochar das flores quando a estação de crescimento começar, é outra das tarefas a cumprir. A gardénia, muito apreciada pela sua beleza, é uma das flores mais perfumadas que se pode cultivar, sendo por isso muito utilizada pela indústria dos perfumes para incorporar nas suas fragrâncias.
4. Amendoeira
As flores da Prunus dulcis (Mill.) D.A.Webb seduzem muitos. Árvore de folha caduca, originária do norte de África e do oeste asiático, a amendoeira caracteriza-se pelo ritidoma de cor escura e fendido. As folhas são oblongo-lanceoladas e a dimensão varia entre os quatro e os 12 centímetros. É a primeira das árvores de fruto a florir, nos meses de fevereiro e março.
Nessa altura, esta espécie brota da sua latência invernal, vestindo-se de branco e rosa. As flores, solitárias ou geminadas, despontam antes das folhas, dando lugar a uma paisagem muito própria. O seu fruto é a amêndoa. Da família Rosaceae, pode atingir até oito metros de altura. A propagação é feita por sementes, mas também por alporquia e por enxertia. Primavera ou outono são as alturas de plantação.
Em termos de condições de cultivo, exige uma boa exposição solar e solos bem drenados, de preferência calcários. Esta espécie resistente tolera altas temperaturas no verão e geadas do inverno, sendo simultaneamente sensível às geadas tardias na primavera. Apesar de ser a primeira árvore de fruto a dar flor, é a última a dar fruto. As amêndoas são colhidas em setembro.
5. Rosa
As roseiras dão-se bem em qualquer tipo de solo. Têm alguma preferência por solos mais argilosos e ricos em matéria orgânica. Gostam muito de húmus. O solo deverá ser sempre bem drenado pois não suportam o encharcamento. Em termos de pH, gostam de solos com pH neutro. Devemos ter o cuidado de o medir para fazer eventuais correções, pois as roseiras são sensíveis a um pH ácido e muito básico.
A exposição solar deverá ser de sol pleno. As rosas são inimigas da sombra e precisam de, pelo menos, seis a sete horas de sol por dia para que se desenvolvam de forma saudável e para que tenham plena floração como é suposto. O local deverá ser arejado, para evitar o aparecimento de fungos nas folhas e nas flores. Não gostam de exposições excessivas ao vento.
Deve ter o cuidado de cavar o solo alguns dias antes da plantação para garantir que este está destorroado, o que vai facilitar o enraizamento e a drenagem. Como as roseiras gostam muito de matéria orgânica. Se as puder estrumar, o estrume de cavalo bem curtido é excelente. Se tiver composto ou húmus, também o podemos adicionar. Pode ainda adubar quando as plantar planta com adubo orgânico.
As roseiras em torrão deverão ser plantadas no outono. Depois de fazer uma cova quadrada com, pelo menos, 40 centímetros de largura, deve adubar ou fertilizar, assim como ter o cuidado de não dobrar as raízes, de deixar o porta-enxertos enterrado pelo menos dois centímetros e regar abundantemente. As roseiras devem ser plantadas a um metro umas das outras se são arbustivas.
Se queremos uma sebe, devem ser entre a 60 a 70 centímetros. Se forem para cobrir o solo, devem ser plantadas com distancia de 40 a 50 centímetros. Para garantir roseiras saudáveis, deve adubá-las, pelo menos, duas a três vezes por ano, de preferência com adubo orgânico e sempre na primavera e verão. Podar as roseiras é muito importante para a sua floração e deverá ser feita a poda no final do inverno ou início da primavera. Quando estão em floração, também deve ter o cuidado de ir cortando os ramos que não interessam para estimular a floração.
Texto: Ana Luísa Soares (arquiteta paisagista e professora no Instituto Superior de Agronomia), Ana Raquel Cunha (arquiteta paisagista), Teresa Chambel (arquiteta paisagista e directora da revista Jardins) e Luis Batista Gonçalves (edição digital)
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