Atualmente, cada vez mais se fala em sustentabilidade e redução de custos e os espaços verdes não são exceção. Por isso, cada vez mais o cliente deve valorizar um projeto pensado e ponderado em termos de manutenção futura, preferencialmente sem gastar milhares. Quando é preciso recorrer a serviços especializados de manutenção para o seu jardim, há pressupostos que deve ter em atenção na hora de escolher uma empresa.
Na hora de escolher e, sobretudo, fazer um contrato, de modo a garantir não só um bom serviço ao nível técnico, mas saber também que será prestado com responsabilidade e o máximo de segurança, há uma série de fatores e pressupostos a ter em linha de conta. Só assim garante que não terá nenhuma (desagradável) surpresa caso não fique totalmente satisfeita com os resultados.
Os requisitos mínimos
Seja uma empresa ou um prestador de serviços, há questões comuns que dizem respeito à sua legalidade e competência. Neste sentido, quando escolher uma empresa deve sempre solicitar:
- Seguro de acidentes de trabalho
Este é, de facto, um dos aspetos mais importantes que, além de ser obrigatório, pode, caso não exista, responsabilizar criminalmente o cliente em caso de acidente ocorrido dentro da sua propriedade. Isto é, o cliente é obrigado, perante a lei portuguesa, a pedir a apólice de acidentes de trabalho.
Além disso, deverá, para sua salvaguarda, guardar uma cópia do mesmo. Caso não a tenha, o cliente deverá fazer ele próprio o seguro de acidentes de trabalho, acrescendo o valor ao do serviço contratado.
- Seguro de responsabilidade civil
Dá a garantia de, no caso do prestador de serviços provocar um acidente que cause danos pessoais, os bens do cliente estarem salvaguardados. Infelizmente, não são raros os acidentes, e alguns deles com consideráveis valores, pelo que na maior parte dos casos os prestadores de serviços acabam por não cumprir com as suas obrigações.
- Alvará
A garantia de que a empresa tem técnicos qualificados para a prestação do serviço e que possam, assim, garantir a qualidade dos mesmos.
- Declaração da situação contributiva da Segurança Social
Com este documento, o cliente pode comprovar que a empresa é estável, legal e cumpre com as suas obrigações perante o Estado e os seus funcionários.
- Resíduos
Não fugindo às boas políticas de ambiente, devemos garantir que os resíduos dos trabalhos efetuados no jardim são depositados em local adequado e não em qualquer lado. Por isso, a empresa terá que fornecer informações sobre o local de depósito dos seus resíduos, que deverá acontecer em locais próprios para o efeito, onde poderão ser aproveitados para compostagem.
Veja na página seguinte: Os fatores que garantem uma boa qualidade técnica
Qualidade técnica
No que diz respeito à qualidade técnica do serviço a ser prestado, outro dos fatores essenciais a ter em linha de conta, a manutenção do espaço verde, é importante pedir referências a várias empresas antes de se decidir por alguma. Com isto, irá ver espaços executados/mantidos pela empresa, e poderá mesmo solicitar uma visita a alguns, sendo que certamente ser-lhe-ão mostrados os melhores.
Há assim alguns pressupostos que deverá verificar ao visitar os espaços na companhia do responsável pela empresa e/ou do profissional que vai executar a empreitada:
- Estado dos pavimentos e remates do jardim e estado geral de limpeza do jardim, incluindo não só ervas, infestantes, mas também entulhos e restos de obras.
- Estado do relvado, procurando ver se há peladas por maus cortes (relva esbranquiçada), se tem colorações diferentes (que pode indicar má rega ou adubação), entre outros.
- Estado das plantas e das árvores. Se têm crescimento atrofiado ou deficiente, se têm doenças, manchas ou queda de folha. O profissional deve ainda olhar para o seu desenvolvimento, se está equilibrada, com feridas, com aspeto saudável.
- A questão de drenagem. Se nota zonas secas ou alagadas, podendo indicar que a estruturação do solo foi mal feita, e consequentemente, o coberto vegetal não irá ter o desenvolvimento desejado.
- O sistema de rega. Poderá pedir para que seja ligado, para assim perceber se a rega está a ser uniforme e/ou se os aparelhos debitam todos a mesma quantidade de água, por exemplo, além de verificar se existem aspersores, pulverizadores e/ou gota a gota juntos, o que não deve acontecer.
Outra questão que por vezes se verifica diz respeito aos aparelhos desajustados e estarem assim a regar zonas pavimentadas, ou também, não raras vezes, direcionados para obstáculos ou tronco das árvores e provocarem o encharcamento das raízes e consequente queda/morte do exemplar.
Como solicitar o orçamento
É essencial, quando precisar de solicitar o orçamento, que as variáveis sejam as mesmas para todos os candidatos, de forma que consiga um valor aproximado para o mesmo serviço. Para isso a Associação Portuguesa de Espaços Verdes (APEV) apresenta alguns conselhos de forma a ajudar o proprietário a escolher o orçamento que, além de ser o mais adequado, deverá ser também o que mais lhe convém.
Após ter os vários orçamentos, caso pretenda mais ou menos intervenções, peça uma retificação àquela empresa com quem se identificou mais.
Os cuidados a ter com as intervenções a executar
Deve ser indicado o número de intervenções anuais e como estas são distribuídas, se for caso disso. Existem empresas que apresentam 30 intervenções (relvados) distribuídas da seguinte forma. De outubro a março, fazem intervenções de 15 em 15 dias, sendo os restantes meses feitas de 10 em 10 dias. Em canteiros o número de intervenções, de acordo com o jardim, poderá variar entre 18 a 26 intervenções. A par dessas, há outras:
- Operações específicas
Devem ser pedidas quatro adubações capsuladas de libertação lenta (março, junho, setembro e dezembro), sendo as de inverno com baixo teor de azoto. A verificação da rega (afinações e reparações) deve ser feita em março, antes do período de rega e uma vez por mês, após iniciar a rega. Deve ser feita uma sacha dos canteiros de dois em dois meses (quando possível) e as ervas daninhas devem ser removidas manualmente ou por controlo químico.
- Operações especiais
Devido à morte da relva por doença ou à falta de rega, por exemplo, cria-se uma camada impermeável à água e oxigénio a que se dá o nome de feltro (matéria morta). A escarificação do relvado deve ser feita pelo menos uma vez por ano, por volta de abril ou em setembro. Se existir grande quantidade de feltro devem ser feitas duas escarificações espaçadas no tempo, uma por volta de abril e outra por volta de setembro.
Em caso de solos compactados deve ser feito um arejamento, de forma que o solo passe a ser permeável à água e oxigénio. Após a escarificação devemos fazer uma aplicação de matéria orgânica com ressementeira (35gr/m2) para renovação do relvado, pois muitos indivíduos acabam por morrer com o tempo. Existe uma poda de formação que é feita às plantas novas de forma a conseguirmos que esta atinja os objetivos pretendidos pelo projetista ou cliente.
À poda das plantas adultas dá-se o nome de manutenção, havendo necessidade de estas serem podadas de forma a termos a melhor floração na época seguinte. As podas de correção devem ser efetuadas quando pretendemos corrigir uma antiga herança numa planta que, por qualquer razão, necessita desta poda específica. As podas em verde são feitas apenas quando as plantas apresentam vegetação que não estão de acordo com os objetivos.
Veja na página seguinte: Os cuidados a ter com os cortes de relva
As precauções a ter com os cortes de relva
Não se deve rapar o relvado. Este deve ser cortado no máximo a um terço do comprimento total da planta. Estes cortes, para além de desidratar o relvado, deixando-o mais sensível a pragas e doenças, podem provocar peladas. Estas situações são facilmente percetíveis quando se verifica uma coloração esbranquiçada/amarelada na relva, sendo esta cor atribuída ao caule.
As lâminas de corte devem estar sempre bem afiadas, de forma a diminuir o esgaçamento da relva. Essa situação só aumenta o stresse da planta. Os cortes nunca devem, por isso, ser no mesmo sentido, devendo-se, na medida do possível, cortar a relva sempre na orientação perpendicular ao último corte executado.
As obrigações do prestador de serviço
Estas são algumas das ações que devem integrar o lote de tarefas contratadas:
- Controlo da rega de forma a não haver desperdícios de água ou zonas com seca
- Tratamentos de pragas e doenças de forma a manter as plantas em boas condições
- Remoção de ervas daninhas manualmente ou através de produtos químicos adequados
- Substituir qualquer equipamento danificado por este, no prazo máximo de uma semana. Em caso da rega esta deve ser desligada e reparada no prazo máximo de 24 horas, sendo necessário desligar o setor atingido por esse período
- O prestador de serviços deve, finalmente, apresentar uma folha do serviço executado com o dia, hora de entrada e hora de saída
Texto: Cristina Nepomuceno (membro da APEV) e António Pedro Moniz (membro da APEV)
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